segunda-feira, 30 de março de 2009

Fui ser eu no fundo do mar.


Fechei os olhos.
Tapei os ouvidos.
Prendi a respiração e mergulhei.
Fui até o fundo daquele mar dentro de mim.
Vi os bonitos corais e paisagens submarinas que eu criei.
Não tive mais medo de procurar nos abismos.
Nunca tive tanta coragem,
até mergulhei sem meu escafandro de ouro!
Eu vi as minhas sereias, que dessa vez cantaram em notas de amor.
Andei no meu cavalo marinho chamado Scadufax,
Gargalhei com meu peixe palhaço que gosto tanto pelo que ele representa.
Vi o tritão que um dia eu amei, e agora eu sorri.
Vi as Nereidas, que me contagiavam com tanta beleza.
Cumprimentei meus golfinhos, que há tempos me traziam para a superfície quando eu me afogava em desespero.
(Onde estariam os tubarões que da última vez me aterrorizaram?)
E quanto mais fundo eu ia, mais escuro ia ficando.
Mas por alguma razão, alguma coisa dentro de mim brilhava.
Uma luz que fazia tempo que eu não via.
Meus olhos eram como lanternas, e meu peito parecia um farol!
E essa luz além de iluminar aquele lugar escuro e frio dentro de mim,
me esquentava, me dava aconchego.
Gostei tanto de voltar a ter essa luz. Uma luz alegre, risonha, infantil.
Vi Proteus, aquele deus do mar que mudava de forma, e ele me disse que eu não poderia esperar que as coisas durassem para sempre. Por isso ele sempre mudava de corpo.
E eu contei pra ele: Proteus, vou dar o melhor de mim agora e ser feliz! Quando acabar, quando a distância e o tempo longo engolirem esse momento de agora, só as boas lembranças vão ficar. Essa é a marca que o mar me deixou, e eu também quero deixar. Ao contrário de ti, eu não preciso toda hora mudar de forma ou de sentimentos.
E eis que meu oceano se limpou.
Não tem mais tempestades e nem sequer ondas.
Consigo enxergar meus tesouros perdidos que guardo com louvor,
Meus navios que já naufragaram, mas que continuam na imensidão da memória.
Consegui me enxergar dentro do palácio de vidro no fundo daquele oceano, o palácio que pulsa em batidas de emoção.
E eu era a rainha daquele reino plasmático imenso.
Nunca vi meu panorama com tanta paz.




(Mesmo sabendo que amanhã pode chegar o navio daqueles piratas que tentam invadir o meu oceano pacífico e roubar meus tesouros.)



Minha carne não suporta.


O sobreviver do mundo.

O meio termo das coisas.

O destempero. o conformismo.

A cara no espelho.


Destruo-me,

Pra compreender-me.

Desespero.


Não quero, sinto.

Não gosto, amo

Não choro, morro.


Tudo intensamente devastador.

domingo, 29 de março de 2009

Carpe diem



No mais, domingos são sagrados. Dia de jejuar para purificar-me das farras e de curtir os efeitos que a ausência de outro corpo causa ao meu.

O bobo.



O bobo entrou na lona, sentou, olhou para a arena e riu.
Gostou do que viu, e esperou o espetáculo começar.
Olhou os malabaristas e riu.
O mágico fez ele brilhar.
Os elefantes o fizeram sorrir.
Comeu uma maçã do amor e riu com o açúcar que ficava entre os dentes.
O bobo de tão bobo era tão feliz! Ria de tudo e se satisfazia com pouco.
Vieram canhões, homens gigantes, mulheres barbadas, macacos dançantes.
E ele ria.
Ah, o circo fazia o bobo se contagiar com muita alegria.
Via as crianças em êxtase na arquibancada e percebeu que ele estava igual ou mais excitado que elas.
Pois ele era bobo, que de tão bobo riu.
Então entrou o palhaço na arena.
E aí o bobo viu.
Palhaço com olhar triste e voz cansada.
E sentiu dor pelo personagem que não conseguiu mentir nem para ele, um bobo.
Sentiu e viu o sofrer nos olhos de um palhaço triste.
Então, o palhaço tinha o semblante carregado.
Mas uma maquiagem que irradiava alegria.
Um grande nariz com uma grande boca sempre sorrindo.
Com grandes olhos e cheio de truques.
Truques que as crianças, e o bobo, adoravam.
Mas o bobo mais uma vez olhou e entendeu.
Lá estava o palhaço pulando e cantando.
Sorrindo e fazendo os outros sorrirem.
Como é triste aquele palhaço.
Como é engraçado ver as pessoas não notarem a tristeza daquele palhaço.
Não. Não é engraçado. É triste.
Triste desse palhaço que precisa se maquiar para sorrir.
O bobo se incomodava com o coração dos outros, porque era bobo.
E o palhaço tinha que ser como ele, um bobo.
De que valia ser bobo se nem o palhaço mais tinha a pureza da bobice?
E sofreu junto.
Ele sabe que chora o palhaço da sua tristeza, sorrindo como se a alma estivesse em festa.
O espetáculo terminou, o circo fechou e o bobo não mais riu.
Saiu do circo com o coração pesado e franzindo o cenho.
O bobo agora era triste de bobo que era, pelo palhaço.
Ficou com raiva, triste, sofria demasiado.
E quando saiu do circo, já não tinha alma de criança e riso assanhado.

Já não era mais bobo. Era o palhaço.

O coração.



Falho.
Sutil.
Romântico.
Frágil demais.

Solitário.
Nostálgico.
Sem percepção.
Grita demais.

Ele sabe.
Ele vê.
Ele nota.
E também gosta.
De Mr. Bean.

E como fã,
Ele imita
Vira o tontão.
Que adora a burrice.

Sabe
Mas mesmo assim chora.
E se quebra, e se parte,
É traido, esquecido, ignora.

Ele sabe,
Ele vê,
Mas por muito amar
Ele esquece,

Se venda,
Se cala,
Entristece,
Porque muito adora
O moço que chora.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Sexta-feira

Eu a-doooo-ro sexta-feira.
Sexta tem o dom de me purificar.
De me lavar de todas as picuinhas dos outros dias
De me fazer rir vendo formigas
Chorar vendo uma flor.
Eu a-doooo-ro sexta-feira!
Sexta é o meu dia de felicidade geral...de paz total!
Sexta é como um templo que entro quando nasce o dia.
Sexta é a melhor coisa que há.
Eu a-doooo-ro sexta!
Sexta eu vejo só coisas boas.
Sexta o universo conspira a meu favor.
Sexta eu me apaixono.
Sexta eu vejo crianças lindas,
Vejo pessoas boas.
Vejo amor, vejo ar, vejo som, vejo Deus, vejo tudo que sei que existe e que não consigo ver, mas que fica palpável na sexta.
E principalmente, sexta eu sempre vejo muitas borboletas namorando ao voltar pelo caminhozinho colorido do trabalho pra casa.
Sexta é lindo.

quinta-feira, 26 de março de 2009




Quando eu era mais novinha, costumava trocar cartinhas com minha prima querida do interior. Toda semana eram duas ou três. Era uma coisa tão bonita e sentimental perder um tempo do meu dia e me dedicar a escrever frases e palavras que contassem as novidades, os sentimentos. Colocava adesivos, figuras, recortava de revistas fotos de casais e colava quando ela estava amando loucamente, e assim era.
A minha primeira paixonite aguda morava na cidade dela. E claro, ela como boa prima que era, tinha por obrigação me contar tuuuudo que acontecia.
Escrevia: " Hoje vou na festinha da Laiana, ele vai ir... depois escrevo te contando tudo", e eu ficava com aquela sensação boa e estranha de espera. Olhava a caixa de correio a cada uma hora do dia, quando o carteiro passava eu dava pulos e ia correndo pra varanda pra espiar se tinha chegado. Engraçado como uma simples caixa às vezes vira nossa razão de viver. E quando ela vinha, nossa mãe! Eu pulava, tremia, ria, chorava, a-do-ra-va aquelas novidades! Eu era novinha e ainda não conhecia o Mirc, Msn, chat gravataí, Orkut, etc.
E as novidades eram tão gostosas e doídas de tão demoradas. Mas me davam uma sensação boa de espera, de frio na barriga quando chega, mesmo já sabendo o que a cartinha continha (sim, já existia o telefone).
Enfim, contei essa historinha não pelas cartinhas que fizeram parte de uma fase boa na minha vida, mas pela sensação que elas me davam.
Hoje com toda essa tecnologia, as cartinhas, infelizmente quase nem existem mais.
Mas eu continuo ganhando de presente aquela sensação boa.
Não com cartas, claro. Mas com algumas pessoas que entram na minha vida de um jeito gostoso e diferente, me fazendo sentir como quando eu ficava à espera do carteiro, com aquela sensação boba de borboletas frias na barriga.
Tem gente que não sabe o bem que faz pra gente. Só um sinal muda o dia. E as sensações ficam e até perduram. O que é meio surreal, mas muito gostoso.
Sabe quando a gente morde uma fruta e descobre que além de bonita, cheirosa e colorida ela é extremamente apetitosa e a gente sente vontade de devorar ela todinha em uma dentada?
Pois é.
Essa é a sensação.

quarta-feira, 25 de março de 2009


Eu descobri em mim mesmo desejos os quais nada nesta terra podem satisfazer, a única explicação lógica é que eu fui feito para um outro mundo.
Tudo que é eterno está eternamente acima do tempo.

[C.S.Lewis] :)

terça-feira, 24 de março de 2009

Risca, rabisca, belisca!



Pobre papel!

Não tinha nada a ver com aquilo tudo que eu escrevia.

Morria de rir em ler tanta asneira.

Meu Deus, quanta besteira!

Teve que engolir aquele monte de palavras.

Desconexas, convexas, mal ditadas, engraçadas.

Riu ao sentir a caneta fazer cócegas

Escrevendo coisas sem parar, sem pensar,

Mas que eram sentidas e saiam cuspidas

Palavras perdidas e um nome repetido, repetido, repetido.
.
Perdido na folha, dito e desdito.

Mas enquanto eu ficava com pena do papel

Por deixá-lo todo manchado e rabiscado de azul Bic

Ele olhou pra mim angustiado e segredou com a caneta,

-Pobre garota.

Tira umas escritas da rebimboca da parafuseta!








[Mas se vocês vissem como ficou o coitado com meus rabiscos]

segunda-feira, 23 de março de 2009

VALSA DOS CLOWNS

Em toda canção, o palhaço é um charlatão
Esparrama tanta gargalhada da boca pra fora
Dizem que seu coração pintado
Toda tarde de domingo chora
Abra o coração do palhaço da canção
Eis que salta outro farrapo humano e morre na cochia
Dentro do seu coração de pano
Um palhaço alegre se anuncia
A nova atração tem um jovem coração
Que apertado por estreito laço amanhece partido
Dentro dele sai mais um palhaço
Um palhaço com olhar caído
E esse charlatão vai cantar sua canção
Que comove toda arquibancada com tanta agonia
Dentro dele um coração folgado
Cantarola uma outra melodia
Em toda canção o palhaço é um charlatão
E esse charlatão vai cantar uma canção


(Desconheço o autor)

domingo, 22 de março de 2009

O riso.



Que beijinho doce
E sorrisinho lindo
Olhar de criança
Malícia de diabinho
Não dá pra negar
Não consigo altercar
E minha boca
Só esboça sorrisos
Porque o que a gente faz
É eficaz
Dá paz
É divertido
Mas tem um pouco de perigo
Quando o coração grita
E a gente acha
Que a mente se agita
Dá um tchau e até logo
Pra não se confundir
Quando no fundo
Quer mais é invadir
Beijos abraços e suspiros
Medidos em tesão
Enquanto o maior medo
Era o da escuridão
Uma dupla boa
De dois confusos
Que podiam ser perfeitos
E são obtusos
Enquanto isso
Riso frouxo na madrugada
Manhã de sol
Café com palavras soltas
E uma verdade calada.



sexta-feira, 20 de março de 2009

Vulto.



Dimigura laranja madura,
dimigura!

Com Ele.

-Obrigada, meu Deus.
-Pelo quê, minha filha?
-Pela Santa Cachaça de todo dia!
-Pela cachaça? Entre todos os meus pequenos milagres tu me agradece por existir a cachaça?
-Sim, meu senhor.
-E eu posso saber o porquê?
-Meu Deus, existe no ser humano uma coisa que tu mesmo inventou, o tal do livre arbítrio. Com isso, o ser humano pensa que é gente e sai a cometer desatinos e a dizer inverdades para todos os outros, como se a verdade fosse descartável.
-Sei, e porque razão a cachaça entrou no meio da magnitude e complexidade da criação?
-Porque, meu caro Senhor, quando o homem bebe ele fala. Ele ouve, mas fala. As verdades que jamais diria quando em estado de lucidez. E é por isso que eu gosto dela. A verdade me comove. E o álcool em si tem uma toxina que busca e traz a verdade à tona. O que me atrai muito.
-Mas, minha fi...
-Nada de mas, caro Deus! Tu, que és majestoso e sábio sabes bem o quanto lutei com dragões para chegar até aqui, nesse âmbito de liberdade e voz ativa que jamais pensei que ia chegar. Não falo mais das coisas do coração, não me dôo mais, não faço mais o que não quero, mesmo sabendo que seria muito interessante ao outro. E no entanto, cheio de ironias e piadinhas, o senhooooooor, sim, o senhor, me vem com esses desatinos sem graça? Ora, meu caro Deus! Eu mais que ninguém gosto de ser feliz, e Tu sabes.
-Talvez algumas coisas que você julga serem ruins sejam uma boa fase de adaptação e purificação para a próxima.
-Pode ser. Mas eu parei por aqui. Essa história de reduzir minhas ilusões a pó não pode continuar. Eu gosto de show, de estrelinhas e brilhinhos e o senhor sabe muito bem disso.
-Eu sei, fui eu que te fiz assim.
-É, mas esse meu jeito louquinho de ser me faz cada vez mais reafirmar as idéias e dúvidas pragmáticas.
-Ok. Mas deixe-me entender. Tu estás reclamando? Faltam opções?
-Não é disso que eu estou falando.
-Sei. Falta sentir?
-Não é disso que eu estou falando.
-Então, criatura! Tanta gente sem nada e tu com insatisfação crônica aguda! Não queira tudo. Tu não merece. Não pense nos outros, eles não merecem. Não seja boba, tua família não merece. Tenha fé, EU MEREÇO tua fé.


-Minha fé inabalável se abala quando analiso tua perfeita criação humana. E dói. Dói bastante.
A propósito,Pai, podes me fazer um favor?
-Sim?
-Um remédio milagroso que tire a ressaca do corpo, porque ainda estou bêbada, embriagada na realidade (mas, por favor, sem mais injeção de meias ou todas verdades).
;)

quarta-feira, 18 de março de 2009

Quarta.




Tristeza melancolizada.

Eu detesto quando num fio de segundo, bate uma tristeza misturada com uma nostalgia não sei da onde nem do quê. O coração aperta de verdade, o meu rosto se fecha, a boca emudece e o sorriso desaparece.


É quase que palpável essa angústia bizonha, mas é tudo que tenho, além de nas mãos, o pó. Um quadro majestoso de vida vadia, e do Destino, aquele senhor grisalho que gosta de me pregar umas peças bizarras que eu nunca sei se serão boas ou ruins. Já o Tempo, aquele que joga xadrez com o Destino me presenteia com longas sábias conversas e com antídotos milagrosos que curam qualquer dor. Este sim, é um bom senhor. A vida é vadia e assim é que eu vou descrevê-la. Jovem, feliz, repentina e ardente, mas vadia, dada, ousada demais. Por isso não confio muito nela não, e sempre questiono essa moçoila pirada. Já tomei uma ou outra Coca Diet com um pirralho que tem até o nome bonitinho, Amor. É um guri novo, deseducado e matuto que só. Faz cada trapalhada e bagunça tudo com o humor negro que o Destino lhe ensinou a ter desde piá.


Ainda bem que aquele senhor grisalho sábio, o Tempo fica sempre consertando essas sem vergonhices que o rapazote inconseqüente faz.


Mas essa pequena grande mulher, por quem comecei a escrever este texto, é uma grande amiga e me ensina tantas coisas. Tristeza é o nome dela. Quando ela, como sempre repentina, aparece de visita surpresa pra ver o pôr do sol (ela gosta mais de conversar na calada da noite), temos longas e produtivas conversas, que me fazem entender como funciona essa máquina que eu chamo de Alma... A Tristeza e a Alma são amigas antigas e se entendem muito bem, e eu começo a entender as duas também. Aí ficamos nós três, horas a fio em uma conversa muda e num silêncio que grita aos pensamentos, pensamentos que chegam ao céu de tanto que voam. Alma minha amiga, entoa uma melodia fina e canta uma música que o guri Amor compôs, ele faz as músicas, ela canta. E eu escuto, me calo e a melodia me parece as vozes dos anjos. A Tristeza gosta, porque a melodia é meio triste. Mas não gosta de ter sido o Amor quem compôs. Amor foi fruto do ventre da Felicidade, sua maior rival, com o Ódio, sua paixão antiga. E deu no que deu. Até hoje Tristeza e Felicidade não se engolem. E o Ódio coitado, fcou lá, solitário e doído...talvez por isso seja tão amargo. Tristeza começa a pensar nessas coisas todas e sente dor de barriga. Vou embora mais cedo hoje, diz ela.


Depois, numa piscadela daquele pássaro aliado ao destino, a tristeza some como água do mar entrando no rio, e mais uma vez a rotina dos meus dias solitários e solidários me enchem de um vazio notável. Ficam minha alma e eu, de novo e mais uma vez a olhar o infinito, só que agora com o sorriso que a Tristeza nos deixou como lembrança, assim que foi embora.

:)

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Bã... Viajei nesse texto né?
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"Nessas horas de silêncio.
de tristeza e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
cheio de mágoa e de dor,
o sino do companaro
que fala tão alto solitário
com esse som mortuário
que nos enche de pavor."
(Cassimiro de Abreu)
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segunda-feira, 16 de março de 2009

Tu.

Se eu tivesse um caleidoscópio mágico
Que faria ver o mundo todo coloridinho
Eu te daria na certa
Que é pra ver tudo mais bonitinho

Se eu tivesse uma fotografia
Da tua carinha quando deitado ao meu lado
Eu botava na minha cabeceira
Pra sempre lembrar teu sorrisinho acanhado

Se eu tivesse uma máquina
De distribuir carinhos
Eu colocava no teu rosto
Pra tu sempre me sentir num instantinho

Se eu tivesse uma explicação
De onde saem esses versinhos
Com certeza seria
Qualquer coisa sobre esse teu jeitinho

Se eu pudesse hoje te dar
Qualquer mero presentinho
Te daria essa coisa toda que eu sinto
Acho que chamam de amor no meu mundinho

Se eu pudesse
Faria tudo isso e mais um cadinho
Desse jeito, devagar
Pra te ver sorrir assim de mansinho

Eu não sei o que aconteceu
Que naquele dia quis desviar os olhinhos
Praquele cantor do supermercado
Que fez qualquer pudor se encher de inhos

Depois daquilo virou isso
Rimas, tentações e do tudo, um pouquinho
Essa voz mansa e querida
Me encheu a mente de burburinhos

E pra terminar,
Só mais um verso bobinho,
Gosto tanto de ti
Que me dou, fácil, num instantinho.

Mecanismo de defesa,

Corta minha fala,
Tapa meus ouvidos,
Prende minhas mãos,
Sufoca um sentimento bom.


Mas não me faz nunca, em hipótese alguma neste mundo, ter algum tipo de medo do futuro.
E é o que basta pra ser feliz.

sábado, 14 de março de 2009

O violão.

Sou homem maduro.
Responsável, talvez
Um pouco frio e triste
Sou doze em um
Conhecido como Napoleão
Apontam para mim com o dedo em riste
Sou apaixonante
Sou carinhoso
Me entristece que eu também seja
Um tanto mentiroso
Quero ser carioca
Vim lá de jaú
Me entristece que eu também seja
Um tanto pau no cú
E mesmo assim
Tenho um jeitinho
Que incomoda aquela menina
Tenho a voz serena
Tenho a mão amiga
Tenho meu amigo whisky
Tenho o olhar de criança
Tenho a maldade dos homens
E uma pureza que encanta.
E eu quero ser carioca
Vim lá de jaú
Me entristece que eu também seja
Um tanto pau no cú.
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quarta-feira, 11 de março de 2009

Pois bem,



"Achava que cairia em grave castigo e até risco de morrer se tivesse gosto. Então defendia-se da morte por intermédio de um viver de menos, gastando pouco de sua vida para esta não acabar."


Clarice Lispector.
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Tudo bem.


E daí que em determinado momento da vida, chegamos à conclusão – ao menos acredito que assim deveria ser – de que tudo bem dedicar-se a alguém sem aguardar recompensas. Querer bem e conseguir se fazer entender me parece recompensa das boas.


E daí que tudo bem se ela já esteve louca, surtada, depressiva e se fez o bastante em matéria de burrada, se encontrou luz na noitada e na psicologia barata do garçom do bar, se fez um balcão da cama, coitada, que deixada de lado, quando rara usada, escuta duas vozes não estranhas que se perdem em embriaguez e um tantinho de poesia falha. Muda, quase enlouquece, oh meu deus quem é que merece esses dois tentando se exibir? Falando sem parar na morte da bezerra e de tal forma dimigurados que nem dormir querem mais, e eu caio em desuso.
.
E daí que tudo bem estar exercendo uma profissão que não dá tanta felicidade assim. Afinal, há tantas outras vias expressas de sorrir. Há uma casa no campo esperando no inverno. O chá quente da chaleira e o palácio de espelhos da memória daquela grama verde que virava colchão nas manhãs de domingo, e fazia daquela blusinha favorita vermelha virar um mato só.

E daí que às vezes a gente se sinta sozinho. Existem tantas formas de passar o tempo com nossa mente que trabalha e pensa bobagem. Existe tanto pensar, tanto querer, tanto afogar dentro do meu âmago. É ululante a súplica de que o paralelepípedo das ruas tortas de minha mente não machuquem os joelhos nos meus tombos psicológicos e pseudo-mortais. (É caro e bonito saber que usei três muito boas palavras em uma linha.) :)


Não é o caso de não se querer dedicação e reconhecimento. Ou que não se deseja saber-se amado e querido. Nem que seja fácil e simples desprezar o passado do outro. Ou ficar brigando com o que se tem, ao invés de tentar gostar, ou simplesmente desistir de tentar pra não machucar, e assim deixar a vida e todas essas coisinhas doces passar sem que se perceba o quanto se perde, mesmo que seja fugaz.


Sem moralismos, apenas uma constatação: em determinado momento da vida, nos damos conta de que nem tudo é como se deseja, que as coisas irão durar o tempo que couber a elas, que esperar o que não é nosso ou o que nunca irá chegar – simplesmente por estar partindo para outra direção – é uma baita perda de tempo e energia.


E daí que apenas a percepção de que esse momento existe chegou à minha vida. O momento que é bom, nada. Continua por aí, sem dar as caras.

Mas enquanto isso vou ensaiando, e se demorar muito: tudo bem.


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Inicia-se os beijos,


Ela: Eu não posso fazer isso, é como se eu comprasse um novo par de sapatos, mas que não servisse em meus pés.


Ele: Então vamos ficar um tempo descalços.





Bonitos sapatos.

:)

Fruta mordida.

- Não se apaixone por mim. Eu vou te magoar.

(Como se isso fizesse essa vontade de te beijar passar, como se eu não soubesse, como se eu me importasse, como se eu fosse deixar de ouvir essa voz serena, como se algum dia eu fosse me importar mais com amanhã do que com hoje. Como se eu fosse te pedir mais. Como se esse teu sorrisinho não me comprasse por hoje. Como se desapaixonar fosse útil. Como se sofrer não fosse bom. Como se eu não soubesse como é.)

-Tá.




A propósito, foi uma bela visita madrugueira. :)

terça-feira, 10 de março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

Noite insone.




Estende-se mais uma dessas horas imutáveis em que os pensamentos se apossam de nós e não encontramos ninguém além do filme ou do computador para passar o tempo.

Nessas horas de teimosas inquietações, sempre nos surgem a visão do que amamos. Hoje me surgiu a visão de um balde de café, que eu bebi, porque já aprendi que minha vontade sempre fala mais que qualquer outra coisa, e em mim ela é casada com a ação. Dupla explosiva.

Na noite não dormida a gente pensa em tudo. Na árvore que bate o galho e faz um barulho de monstro prestes a invadir o quarto, no gato miando, nas metas do dia seguinte, na louça suja da pia, na vida cheia e vazia, no medo triste de alguns, na coragem irritante de outros, na bipolaridade do mundo, nas mentes perturbadas que nos cercam, na minha fé ouvida, em amigos invisíveis, na tv sempre ligada, no travesseiro cheirando a xampu, numa florzinha plantada que esses dias despetalei tentando agarrar na falta da pedra, e por aí vai.

Estas coisas enchem minha mente impedindo que os olhos fechem, uma atrás da outra elas vem. Rápidas. Barulhentas. Dando o desconcerto e a aflição dessa hora, penso coisas que quase sempre me entristecem. Mas a melancolia me cai bem, e eu gosto dela.

Nessas noites em que só temos nós próprios como companheiro mudo e indiscreto, tudo nos vem a cabeça. O riso, o choro, a morte, o gozo. Atire a primeira pedra. Agarre-se a pedra. Conheça o pecado. Eu gosto disso. De sentir qualquer coisa.

Nessas noites insones as horas fluem em silêncio e com incrível lentidão, entre uma e a seguinte batida das horas abre-se um longo e negro abismo de cruciante intimidade.

O sono é sem dúvida um grande amigo.






(Na falta dele, um blog ajuda e muito).
.
.
.

sábado, 7 de março de 2009

Desculpe o auê.




Muito me identifiquei e gostei desses escritos. Esse poeta maduro toca no fundo do meu barril, do meu poço e põe um pouco de lamparina no meu beco escuro com certas palavrinhas bem colocadas:



"As avenidas, em linhas largas, transbordam em multidão. As ruas, de curvas magras, inventam a direção. O beco, não. É pequeno, egoísta, quer chamar atenção. Forte, fraco, carente e brigão. Todo mundo tem um beco. Um lugar deixado pra lá. Uma mania torta. Louca pra se mostrar. E não há nada mais gostoso. Do que quando, num segundo de olhar A gente descobre no outro. Um beco pra se morar."

(Tiago Rosa)

sexta-feira, 6 de março de 2009

=] Descomplicando.

O negócio é ser agridoce,
como estas balinhas de ir no cinema
açucaradas e azedinhas que eu ganhei hoje
É isso, nem bruxa, nem garota de ipanema.



[Dimigurei]



Hoje foi um belo dia de sol e chuva.
Ganhei mimos de um chefe
E uma armadura de outro
E uma promessa de em breve conhecer Neverland.
Muito breve.

:)

Soltos de quinta.

Vamos fazer uma festa
Pra comemorar
A pureza do jeca
A tristeza do altar

Vamos fazer uma folia
Pra me exaltar
E deste escândalo uma alegoria
E do silêncio, um mudo no olhar

Vamos nos precipitar
Tirar conclusões erradas
Desviar os olhos do sol
Encontrar o perfume da noite calada

Vamos deixar nosso corpo
Pro lado de lá
E resumir um resumo torto
Da vida marcada pela riqueza do Xá

Vamos deixar nossa alma
Trancada lá
Dentro daquele coração bobo
Acalentado por Iemanjá

Vamos deixar a etiqueta
A sutileza, as filosofias vãs
Vamos sair pulando, cantando e berrando
Vamos dimigurar do espelho e das manhãs

Mas não vamos contar
Que meu canto eu renego
Meu pulo é um pranto
E meu berro, é um berro

Vamos fazer o seguinte
Vamos fazer o nosso carnaval
Vamos entregar para a polícia
O último suspiro do marginal

Vamos matar o coração
Daquela pobre menina
Que de pequena e diaba
Imitou e se esbaldou com Artêmis, temida

Vamos alongar estes versos
Se afogar em tristeza ou sinusite
Vamos fazer da quinta-feira
O martírio de Afrodite.

quarta-feira, 4 de março de 2009

So tired.


CANSEI DESSE PLANETA...

Quero voltar para o meu mundo.
Família, vem me pegar,
quero voltar pras estrelas...

Ou vou roubar elas pra mim.
[as mais brilhosas].

:)


CANSEI DE SER GENTE GRANDE
Quero voltar pra infância.
Bonecas, me busquem,
Ou vou pegar toda inocência pra mim.´
[a mais brilhante]



Acho que no fundo, eu só quero o brilho mais profundo.

"Em questão de segundos,quebrar meses de promessas..."




(...)


O medo impede de ser feliz.
A dúvida também.
__________________________




"Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas."



terça-feira, 3 de março de 2009

Vida de cão.



Tosaram meu cachorro!

Nunca vi coisa tão feia em toda a minha vida!

O pobrezinho virou uma lagartixa preta.

Não consegui parar de rir ainda!

Aquela noite.



Naquela noite eu não tinha forças, eu não tive medo, eu não quis crer.

Naquela noite a tristeza achou moradia em meu peito.

Naquela noite eu descobri o valor da psicologia em entender a loucura das mentes perturbadas.

Naquela noite eu não tive valor,

Eu tive cuidado.

Naquela noite quase nada tive, mas tive tu do meu lado.

Naquela noite vi minha força pelos teus olhos.

Naquela noite vi a tristeza congelar pelas tuas mãos.

Naquela noite senti meu valor no teu abraço.

Chamaram aquela noite de noite dos horrores.

Mas foi naquela noite que te conheci.
Foi naquela noite que vi teu coração.

Naquela noite...

Me apaixonei por ti.
.
(Um tantinho mais)
.

domingo, 1 de março de 2009



Chuva lá fora...


...eu sem inspiração.


E um jogo ruim que só.


VONTADE.




Tenho a vontade mas não tenho a coragem.


A ausência do medo me faria mais feliz?


Tenho a coragem mas não tenho a vontade.


A presença do medo me faria mais triste?




A vontade eu tenho. Eu tenho a vontade. Vontade de ti.




Cotidiano dominical.


Acordo com um grito da mama.
Dia bonito, céu azul. Dia de churrasco na piscina.
Limpa a sujeira do teu cachorro, traz a mesa, põe as batatas a cozinhar.
Calor. Os metralhas estão chegando e a tarde traz promessas de ouvir de novo as velhas histórias engraçadas da família, que cada vez é de um jeito diferente.
Risadas. Piscina. Cerveja.
Quando todo mundo ficar meio bêbado, discussão sobre espiritismo, igreja católica e umbanda (cada irmão tem uma fé), mas todos têm fé.
As mesmas perguntas, o mesmo pente fino.
E ainda ninguém acredita que estar só é estar bem.
Apesar de todos acreditarem na beleza dessa situação.
E eles mal sabem a metade.
Bárbara, quer chamar alguém?
Não, brigada, tô bem. (entenda-se por não viria se eu chamasse).
Não confunda o anelar com o dedo do meio.
E um pulo na piscina.
Um gole de cerveja.
Um copo que cai. (por mim?)
Uma história (re)-reinventada.
Uma pergunta indiscreta.
Um sorrisão na cara.
Uma família surtada e feliz.
Sempre assim.
:)




 — E tu, por que desvia o olhar? Tem vergonha de mim?


(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarrá-los em qualquer pedra no chão e me salvar desse sentimento de apego. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos).


— Ah, eu sou tímida.




Um pouco de mim em Rita [Apoena]

Dia desses.


A vida é coisa engraçada.
Sabe esses dias que a gente acorda sensível, porque a noite foi horrível, as notícias do dia anterior foram as piores, e a gente se sente como se nada mais tivesse sentido?
Nesses dias a gente acorda, liga o som e toca aquela música. Maldita hora pra essa música tocar! Comecei bem. E o coração já aperta.
A gente se arruma, mecanicamente penteia os cabelos, escova os dentes, olha o celular... nada.
Nem uma ligação por engano, nem uma mensagem da vivo reclamando o pagamento. Nada.
A gente bate o mindinho na quina da cama.Comecei bem.
Atraso, mas coloco o mp3 no ouvido, que é pra acalentar o espírito. O som que começa a tocar fala sobre um rosto de porcelanae um corpo que é o país das maravilhas. e eu tento me lembrar a última vez que meu olho faíscou quando vi alguém. Faziam 14 horas.Comecei bem.
Aí eu vejo que desaprendi.
Desaprendi a deixar levar...a deixar cada coisa pegar seu rumo.
Desaprendi a me divertir sozinha e aprendi a me desesperar quando fico.
Desaprendi a me gostar, e não sei mais também calcular o valor da minha alma e do meu coração.
Tenho me esforçado pra ser normal, mas já vi que nunca fui e cada vez fica pior.
A minha felicidade constante às vezes vira pseudo-alegria e eu nem noto.
Desaprendi a sofrer. Desaprendi a gostar, aprendi a desgostar.
E até aprender de novo, só vou errar e cada vez mais me ferrar.
Comecei bem. O dia transcorreu mais leve depois do almoço, entre um cochilo, uma olhadela no orkut, mais mp3 no ouvido, e uma boa repensada.
Bolas, existe amor além da vida e vida além do amor!




(Gosto de fazer tempestades em copos de água -ou de cerveja- e de sofrer com as trovoadas dela. Me faz sentir).

A FUGA.



(Diálogos noturno-matinais com o amigo igualmente surtado.)











#1:

Quer ir pra Guanabara vender brinco hippye comigo?
Viveremos de água de côco e bixxxxcoito Grobo!
Não mais respeitaremos nenhuma lei que diga o que não podemos ou o que temos que fazer!Erraremos a letra, mas continuaremos mexendo a boca.
E o melhor:

Casaremos com atores e atrizes para viver nos camarins espaçosos do teatro.
Casaremos com vendedores e vendedoras de mate para viver nas praias pegando sol.
Casaremos com porteiros e recepcionistas de hotéis para viver na Suite Master do Copacabana Palace.
Casaremos com guias turísticos para viver no Cristo Redentor.
Casaremos com sambistas e sambonas para viver na Lapa.
E no final, mas bem no finzinho mesmo, quando a alegria já estiver quase findando,
Não mais casaremos...


Encontraremos alguém que gostamos (e geralmente estes não têm absolutamente nada a nos oferecer)... e sofreremos, e amaremos, e vamos nos entregar.
Mas com estes, é proibido casar!
Topas?


:)


#2:

Tracei uma rota de fuga!
Não há destino certo.
Ficaremos onde nosso está nos esperando.
As paradas obrigatórias serão:


Rio, Pasárgada, Scandinávia.


Eu acho que metade do meu coração me espera ou em Pasárgada ou na Terra do Nunca.
Mas isso é o que veremos no caminho.
Estoque de morangos estou fazendo para a viagem. Nosso único alimento.
Porque a vida se encarregará do chantilly.

Virão Erivaldos e Everaldos e Josinéias e Josianes...
Mas o caminho a ser percorrido cabe a nós decidir.
E a hora de parar, será a hora de partir.
Para quando a morte chegar, preparado um de nós deve estar.
Quando a tristeza chegar, com um lenço um de nós deve estar.
Quando o sorriso sumir, um de nós a canção deve começar.
Quando a saudade apertar, um de nós meio materno deve parecer e ficar.
E falando sério,
Pra Rio, neverland, pasárgada e o escambáu eu vou ir nos próximos dias.
Mesmo que ninguém queira me acompanhar.



Pra minha mente purificar.
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Amigo:
- Topo. Não sou fã dos cariocas. Erivaldo é nome bonito. Posso usar piercing na sombrancelha ao invés de brinco? como é que vou deixar o cabelo crescer? Escolhe o destino, vou atrás de ti mesmo. Não precisamos ficar ricos, basta a felicidade, que já nos pertence.
Ei, e se nós fugíssemos de navio, clandestinos!?