domingo, 31 de outubro de 2010

Sonhos de Margarina...

...Eu já tive.

Já me vi com uma bela família, em torno da mesa de café da manhã, tal qual mostra o comercial. Mas na vida real os sorrisos harmônicos não são eternos.

Aprendi então a comemorar os instantes felizes. Uma noite, um café, uma bossa, um beijinho, o riso.

Aqueles instantes salvadores, cuja natureza efêmera não permite grandes vôos, muito embora nos deixem quase sempre no céu.

A vida é feita de instantinhos.


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Metafórico.

Parei pra pensar no processo de perda da rastejante, ignorante e terminal taturana que pensava que seu fim tinha chegado quando na verdade ela estava se preparando para seu grande momento de amadurecimento.
Ela perderia todas aquelas patas e ganharia duas lindíssimas asas.Ela perderia peso e ganharia leveza. Ela só tinha a ganhar e a coitada se lamentava iludida e sofrida com a passagem.
Era o bom e velho jogo do "quem perde ganha". Do menos, é mais.
Claro que não é a primeira vez que passo por um processo desses, mas parece que a vida não dá folga: é como um videogame que cria maiores dificuldades quanto mais você vai vencendo.
Acho que a lição é conseguir aprender a viver sem depender de nada nem ninguém, mas ao mesmo tempo dependendo de tudo e de todos.
Em palavras mais simples, a solução é confiar em si mesmo e no processo que estamos passando no momento.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Boneca de lata.



A desagradava aquele percurso nítido em meio à multidão. Olhava o rosto dele vindo de longe, que com carinho lhe fitava. Mas a moldura que via em sua mente do quadro que iria surgir nos próximos minutos era de vidro e corte, sangramento e dor.
Ele sentou com ela na porta de um botequim qualquer já fechado. Ela apertou as pontas do casaco contra o peito, acendeu seu cigarro e sorriu, olhando para ele.
- Que foi? - Ele perguntou.
E ela pediu:
- Deixa eu ser tua amiga?
Ele deu uma alta gargalhada e a beijou ligeiramente.
- Mas que bobagem, nós já somos amigos, somos mais que amigos!
Ela sorriu com apenas um canto da boca e tragou em silêncio olhando para uma árvore qualquer, com cem milhões de pensamentos na cabeça.
- Não é isso, é que eu não quero isso pra mim. Essa relação que a gente tem tá ficando cada vez mais séria. E relacionamentos só complicam. Eu gosto tanto de você, mas não posso mais continuar com isso. Acho melhor sermos só amigos.
Lágrimas corriam nos olhos dele, que virou o rosto para que ela não visse a fragilidade que aquelas duras palavras haviam lhe causado, mas enfim a deu um beijo na bochecha, levantou e partiu com o coração quebrado e deixando o silêncio mudo e indiscreto tomarem conta dos pensamentos dela.
Ela sorriu, tragou seu cigarro e foi para casa dormir seu sono pesado.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

IGREJA CATÓLICA

1) Calou a boca na 2a guerra e não fez nada contra Hitler e Mussolinni. 
2) Apoiou a ditadura no Brasil abertamente 
3) Bento XVI até agora não fez NADA realmente contra os padres pedófilos. 
4) São contra o uso da camisinha. 
5) Recomendam voto em José Serra.
 
 
Nem Dilma, nem Serra, nem Igreja Católica.
Meu voto vai para a paz. O vazio. O branco invadindo as cidades como uma tsunami. Recomeço. Consciência. O povo precisa.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Caro Sr. X,

Lamentamos informar-lhe que você foi desclassificado e considerado desqualificado por perda de encanto mútuo, destruição da magia de primeiros encontros, infenso à paixão, corrobora o nosso asco por romantismo exarcebado. Obrigada pela tentativa, esperamos que tenha mais sucesso na sua próxima jornada em busca do surreal e inexistente conto de fadas. 
Att,
Empresas Bárbara's destroyers.
#prontofalei.

Yeah, yeah, yeah... babe.

Eu levo uma vida desregrada, com muito álcool e vida noturna.
Acordo às 4h da tarde de terça com o barulho do aspirador e uma dor de cabeça dos diabos. Só tenho flashbacks da noite anterior e fico sabendo o que fiz pelos amigos.
Não me assusto mais por ser abordada por pessoas desconhecidas que sabem até o nome do meu papagaio japonês sem asa e que não cansam de falar das altas conversas e filosofias que eu disse numa festa que nem sei qual é.
Eu não pergunto nem onde é a balada, mas o que vai ter pra beber e o quanto, e prefiro ficar na rua com uma garrafa de qualquer coisa na mão do que ir à exposição de um escultor do Alberjistão do Norte que todas as pessoas dizem ser maravilhosa. Conheci todos os namorados em festas e só quero ter como amigo as pessoas que conseguem virar vodca quente tão rápido quanto eu.
E, sim, meus queridos, eu tenho meu nome associado ao quanto eu bebo, eu conheço todos os donos dos bares, eu tenho conta neles. Eu conheço pessoas estranhas, pessoas loucas, pessoas felizes.
Eu não quero namorar, eu não quero casar, eu não quero me apaixonar, eu não quero um compromisso com ninguém. Hoje em dia, tenho fissura pela racionalidade sentimental.
Sim, sou taxada de LOUCA pela sociedade moralista. Mas uso meu livre arbítrio todo santo dia para fazer o que eu quero, para fazer bem para os outros, para ser feliz, e se eu estiver me fazendo mal, aguento as minhas consequências.
Que você fale, diga e pense, querido... o que bem entender de mim. Eu sei exatamente quem sou, e tenho muito orgulho, pois estes são os melhores anos da minha vida!
E lembre-se: A vida não deve ser uma viagem para o túmulo, com a intenção de chegar lá são e salvo, com um corpo atraente e bem preservado. Melhor enfiar o pé na jaca - Cerveja em uma mão - tira gosto na outra - com um corpo completamente gasto, totalmente usado, gritando: Valeu! Que viagem!



sábado, 9 de outubro de 2010

Os traços e linhas daquela boca traçavam o percurso retilíneo e movimentado pela minha estrada de chão, chegando em linha reta aos meus desejos mais profundos e secretos.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

.


Choveu. como havia de ser, choveu.
Choveu. pra coroar todo o fluxo de pensamentos, pra lavar todos os nossos pecados. para nos trazer de volta antigos sabores, para nos fazer sentir alguma coisa quando toca coldplay e quando a gente vê tocar no barzinho aquela música de MPB que nos traz um gosto de cítrico na boca.
E aquele moço que falava estranho parado me olhando e riscando no papel com seu lápis os traços que ele via em mim. O grafite que me via era mais bonito que a pele propriamente dita que eu carregava.
A cerveja, o cigarro, o rock, a bossa.
O irmão de minha alma que me acompanhava, com seus olhos brilhantes de artista, e cantava as dores do mundo sem filosofia.
E um único gesto insensato trouxe aquele gosto de saudade na boca. Uma saudade de um lugar que não estava ali, de uma música que não poderia ser tocada, de um grupo de amigos que não chegaria nunca.
Um único gesto insensato havia me custado a sanidade naquela noite.
E havia ainda a vontade de vê-lo. Não sabia o que me afligia mais o coração, se era aquela vontade louca de ver ele, ou o abismo enorme que nos separava. Ele estava bem, mas do outro lado do país. Como era de se esperar, mais um ato insensato. E eu escrevi aquelas linhas em dois minutos, escrevendo tudo que meu coração bêbado poderia dizer. Em minutos, a resposta veio, com amor saindo por todos os cantos daquele aparelho tecnológico bendito.
E então a minha noite mudou.
Sem arrependimentos, apenas uma constatação.

Você é um grande homem. 
Eu sempre vou te amar.
Obrigada pelo amor dedicado.
Obrigada pela amizade.
Obrigada por perdoar os meus erros infantis.
Obrigada por todos aqueles anos maravilhosos comigo.
 Obrigada por ter me amado e cuidado de mim.
Obrigada por continuar cuidando.
E mesmo quando você não está aqui, você é o mais presente
nas noites de medo do escuro, nas praias, nas pescas, nos sushis.
Você é o homem dos sonhos.
E agradeço por ter participado da minha vida,
me ensinando e somando.
Juntos construímos só coisas boas.
O tempo acabou, mas o momento será eterno.



quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Não, meu bem, não adianta bancar o distante:    lá vem o amor nos dilacerar de novo...


[Caio F.]

E eu adoro.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Cócegas.Comer.Carinho.Cabelos.Caso.Carne.Cama.

O ser humano necessita do prazer.
Aquele bichinho que caminha pelo corpo, percorrendo as entranhas com suas garras que fazem cócegas.
Sem ele, nada feito, adeus mundo cruel e um tiro no pulso na cabeça para despedir-se.
É por isso que eu repito [e repito, e repito]:
Um brinde aos prazeres que a vida oferece. Aos atos mundanos.
E viva a manteiga! ;)


O mensageiro dos bons ventos.

Pela sua valentia e ousadia sem porém. Pela sua voz doce que canta, me encanta, e tudo bem. Me faz tremer diante dos teus olhos verdes, me faz sorrir e gargalhar diante da tua sem vergonhice.
Pelas cicatrizes da estrada, pela pele bronzeada, pelos beijos com sabor de morango mordido. Pelos teus pedaços sortidos que com calma eu roubo, pouco a pouco, como uma gatuna discreta, até chegar a hora certa que todos os teus pedaços estarão comigo.
Por tudo isso não sinto mais saudades daquele tempo em que meu corpo entrava em ebulição, em que eu acreditava na paixão, em que eu tinha esperanças, sonhos malucos e rendição.
Depois daqueles tempos, eu tive o meu tempo, e então, tive você.
Depois disso, as pessoas ficaram mais bonitas, os sorrisos mais sinceros, a esperança cor de águas claras, os sonhos mais concretos, a paixão na porta de casa, o vulcão em erupção, o rouxinol cantando a sua canção, os outdoors mostrando você.
O mensageiro indiscreto do meu bel-prazer.

;)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Roda gigante.

Àa vezes a gente cansa da hipocrisia do mundo, da falsidade das pessoas, de ter que sorrir quando se quer mesmo é socar e dar um tiro de bazuca. 
Às vezes o trabalho maravilhoso fica chato e a gente finge que aguenta enquanto estamos tendo uma síncope por dentro.
Às vezes a gente sente vontade (muita, mas muita vontade) de colocar pasta de dente no travesseiro daquele colega de apartamento que tem em seu coraçãozinho os sete pecados capitais e cospe fogo aos quatro cantos do mundo.
O que fazer?
Colocar os pés num balde de água quente e pedir ao papai do céu paciência. (Sim, meus queridos, pa-ci-ên-cia, porque se ele me der forças eu bato até matar).
Porque em pouquíssimo tempo vai chegar a hora que uma coisa simples, porém incrível particularmente pra mim vai acontecer e eu  vou sorrir e relaxar, gozando cada minuto daquele momento celeste. A paz que estas tenras e doces horas me trazem acalmam e clarificam as águas do meu oceano. E eu já não ligarei mais para todo aquele resto que me inquietava.
A vida é assim meio roda gigante, só nos resta abrir os braços e aproveitar o frio na barriga quando estamos no ponto alto dela. 
E assim seremos grandes.
E assim sempre teremos forças para suportar o ponto mais baixo da nossa roda da vida.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

J’aurais besoin d’un aller simple, s’il vous plait.

Era fria como um destes continentes árticos que faz nossa pele agulhar de dor.
Tinha cubos de gelo incrustados na carne, e sentia orgulho de ser assim.
Ela era também fulgaz como aquele vento frio que bagunça nossos cabelos e faz nosso nariz ficar vermelho.
Perpendicular a isso, era afável. Intensa.
Doava carinhos demais, palavras doces, sorrisos. Gostava de recebê-los.
Tinha sempre estes dois lados, e os dois eram fortes demais para que um aparecesse mais que o outro, então os dois eram predominantes. Ela era duas, e estas duas tinham pólos opostos.
Difícil entendê-la.
Era agridoce. Discreta e estabanada. Intensa e sutil. Um pouco louca, um pouco sanidade. Um quadro típico metamórfico de dualidades reversas. E adorava ser isso.
Era aventureira, gostava do perigo, do risco, de se atirar de um avião com um pára-quedas e de cair em queda livre. Amava sentir correndo em suas veias a adrenalina. Idolatrava o prazer de viver intensamente.
Mas com amor não podia .Não queria. Temia.
Ela era a fuga do fulgaz prazer que o amor oferecia. Era fugitiva.
Não era do tipo que andava de mãos dadas como discretas algemas cabíveis na sociedade. Não gostava de receber flores bonitas que já estavam morrendo com o passar das horas. Não queria a luz das velas que se apagariam com o sopro de um sussurro.
Quando isso acontecia, ela desaparecia.
Deixando para trás algumas lembranças doces do seu jeito maluco, dos seus rastros de lama no tapete, do perfume de flores no casaco, dos fios de cabelo no sofá, da música que cantava sem saber, das gargalhadas banais, da alegria medonha de quem faz o errado parecer certo e faz o certo de forma errada.
Estas lembranças ficariam guardadas nas memórias ou nas gavetas de alguém.
E ela voltaria a aparecer, gargalhar, cantar pelas avenidas de outro alguém.
E quando tudo parecesse maravilhoso de novo naquele novo mundo, algo a inquietaria, a faria mover os pés, as pernas e os braços sem olhar para trás em direção ao cais, ao aeroporto.
Mostrando o passaporte ela novamente diria sorrindo:

- Preciso de uma passagem só de ida, por favor.









(Mas hoje eu acordei com vontade de correr. De ir embora, de ficar. De nunca mais ter que brigar e fazendo tudo que eu prometi nunca mais fazer.
Minha dualiade não machuca ninguém mais do que a mim. Eu sou confusa, perdida, intrusa em mim mesma. Sei o que é certo mas acabo fazendo tudo errado. Eu sou o erro encarnado. O medo, o anseio, a tia do menino de olhos azuis que precisa sempre sorrir de volta.
Eu quero que passe logo, quero ser jovem pra sempre, quero ter maturidade, quero parar de me machucar e de machucar quem gosta de mim. Quero parar de me defender atacando e de chorar em propagandas de margarina..
Não quero ser eu.)