quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Chove, chove, chove.
A chuva vem para esta cidade despreparada, onde tudo entope, tudo cái, tudo fica aos pedaços.
Mas a chuva sempre vem.
Depois daqueles maravilhosos dias de sol, ela vem.
Mas será que é lá fora que chove, ou é aqui dentro que está doendo?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Das dores.

Você não sabe, mas hoje mais uma vez, eu comecei a escrever e na metade apaguei tudo, arrependida de retomar a escrita por você.
Quantas palavras se perderam no tempo, e em frágeis flores de algodão que se consomem com o vento, elas caíram antes de chegar a você.
Vamos vivendo com a ausência, em meio ao desespero da sociedade, a angústia da humanidade, cercados de regras sociais das quais não queremos seguir.
Não nos vimos, não nos conhecemos, apenas passamos um pelo outro em metrôs lotados prestando mais atenção na música do fone de ouvido do que em qualquer fantasma que por ali passava vestido de pessoa.
Não te conheço, e também não sei quem eu sou. Mas acho que no lugar onde estou estraguei a chance de ficarmos juntos desta vez.
Minha esperança é que leia minhas palavras, ou meu desespero, ou a tristeza espampanante em meu rosto, e talvez, algum dia, me encontre aqui nesta praia cheia, onde me encontro vazia.
(Out/10)
....
Com a falsa perspectiva de que só nós reencontraríamos na morte, as esperanças de ter você aqui, nesta vida já me escorregavam pelos dedos como a areia da praia em que estou sentada escrevendo isso.
Porém, em um pedido de socorro atendido pelo universo, nos encontramos.
Esta mesma praia em que vim parar pelo destino, era sua casa desde sempre.
E hoje vivemos juntos, arrecadando gestos de ternura em meio ao desespero da sociedade, a angústia da humanidade, cercados de regras sociais das quais não queremos seguir.
Sorrisos não são mais falsos. Gritos em mesas de bar não são mais necessários. Viver com você só me faz ser mais eu, mais sutil.
Hoje enfim pude completar esta carta, há tanto tempo já escrita, que nem lembro mais do gosto das lágrimas que me escorriam. Eram doces ou ardis?
Só me lembro da tarde de sol no Arpoador, o papel e a caneta na mão, e depois, a lembrança de você caminhando até mim, me trazendo redenção.

(Fev/11)