quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Pedido negado.

De tudo que penso, o sentimento me muda.
Ontem te amei, hoje já acordei sem te gostar.
Tanto fiz em te elogiar que repudiei.
Você sempre igual, pontual em rimas sem par.
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Eu a festejar o meu atraso, e você a me encarar.
Eu a procurar passar os ponteiros rapidamente,
Você num suspiro conta os segundos devagar.
Eu pele e cheiro, você relâmpago a se apagar.
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Eu com medo do tempo não passar.
Mas você é o dono do tempo.
O mensageiro que veio me avisar.
Que hoje as horas serão do vento;
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Oh, meu caro amigo!
Faz do meu castigo alento,
Meu relógio querido
Faça, por favor, as horas passar.

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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Para meus dois.

Eu gosto é da febre.
De olhar fixo e ver nuvens num olho vazio.
De chorar com o filme idiota, gritar na música desafinada.
De dormir agarrada no travesseiro.
De sentir vergonha.
De sentir saudade.
De sentir.
Eu gosto da amizade lunática.
Das fugas terrenas.
Dos botecos de beira de estrada.
Da sinuca morena.
Eu gosto é do trio calafrio.
Que encantou centenas.
Que cantou no frio.
Que sofreu no vazio.
E de sofrer, riu.
Que de fazer história nasceu.
Cresceu e se fez amor.
Que de criar diversão temeu a morte.
E da morte fez o que hoje crio.
Crio meu riso, crio minha sorte.
Hoje de histórias é contado e inventado o trio.
Porque ele aconteceu num moinho abandonado,
numa aventura sem pavio,
e como foi louvado..
Agora ninguém mais sabe,

...ninguém mais viu.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Cale a boca, Bárbara.

Agarra o tédio.
Esquece as asas.
Não fala mais nada.
Que a vida não pára.

Meu antigo remédio
Um pincel sem cor,
Com a dose errada,
Só causou mais riso e mais dor.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Somente minha

Não há razão para a próxima estação.
Nem malícia na lava do vulcão.
Não há mistério na fúria do furacão.
Nem gozo na beleza do pavão.

Há as razões de quem não tem moral.
Há malícia na pimenta ardida da sedução.
O mistério de ser atemporal.
E o gozo que embeleza a razão.

Há meu calo descuidado.
E que não haja mais machucados nele, então.
Cuidado com minhas rugas.
E com meus cabelos que ficam alvos em vão.

Só há na minha mente um motivo
De querer estar nesse mundo sem chão.
É estar serena comigo
É estar feliz, sozinha na multidão.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Anti-social

Ah, tô de saco cheio mesmo.
E olha que nem é o saco do papai noel.
E pra ser sincera, também não gosto do Natal.
É tudo lotado, e eu morro de pena daquele velho barbudo vestido de Internacional cheiooooo de roupas no calor de 40º e tendo que ouvir as barbaridades que as crianças falam. No colo dele.
Coitado.
Mas também tô de saco cheio de ter pena das pessoas.
O velho barbudo não faz mais que a obrigação.
Afinal, alguém tem que pôr comida na mesa.
Ninguém mandou não estudar.
Se tivesse estudado teria aprendido com os bons professores da escola pública do Brasil como ser corrupto e estaria colocando dinheiro na cueca numa sala gelada com ar condicionado e café fresco. Bem mais fácil. E todo mundo faz.
E tô de saco cheio de ter que dar presente pra todo mundo.
A coisa mais RI-DÍ-CU-LA que fizeram do Natal, que era (eraaaaaaaaa) uma data simbólica foi virar uma festa consumista de uma sociedade sem escrúpulos.
Aí tem amigo oculto, aniversários e mais os presentes de natal das criaturas que a gente tanto ama.
Éééé... essa cretina dessa sociedade também inventou que quando a gente ama alguém, só amor não basta, tem que ter objetos, matéria, presentes pra comprovar!
E como se já não bastasse tudo isso, a gente passa pelas ruas de uma cidade com 10 milhões de habitantes sem conseguir se mexer, como se fosse sardinha em lata.
Aí vem aquelas crianças mal educadas berrando no meio da rua sem olhar pra onde anda e te derrubando sem sequer olhar pra trás... como marginaizinhos à deriva.
Éééé... a mal educada da sociedade ensinou que "um tapinha" pra educar os filhos é abuso. Não pode.
E quer saber? Também tô de saco cheio dessa sociedade burra que não sabe absolutamente nada da convivência intersocial.
Tô de mal.

Insônia

Felicidade,

na minha pílula para dormir.

Inferno,

dentro desse espelho que me encara com dez olhos.

Amanhã,

a última chance do pássaro ferido.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Onde a voz é um sopro.



Tudo potencializado.
Paz, amor, felicidade.
Ciúme, bobice e altivez.

Ah, pois é.
Nas regras do coração,
obedece quem quer ou passa a vez.

Mas veja, é só por lazer
ela é só uma menina.
Não sabe nem o que fazer.

Faz errado mesmo sendo certo,
e quando certo vira erro calado.
Você bem sabe, nessa idade ainda não sabe viver.

A idade é que manda,
o dono da vida é o mais senhor.
Sábios só com barba branca,
Se a pele é lisa, não vira professor.

E a coitada tenta se explicar,
Dá meia volta na lua pra verem o que houve lá,
Mas com essa idade,
quem poderia nela acreditar?

Ah!
Mas a vida há de um dia mostrar.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ex...ato.

Ah,
Quantas lágrimas!
Quantas lágrimas você guardou para o jantar.
Quantas memórias vivas que dizes esquecidas emudeceu teu paladar.
Quantas juras e olhadelas, sonetos e piscadelas me fizeste admirar.
Quantas visitas em teus sonhos ela pôde conquistar.
Quantas vezes na falsidade de frias palavras, a tua voz em falsete a me gaguejar.
Ah, meu amigo.
Quantas foram as tuas menores dividas que conseguiste pagar.
Quantos roubos diurnos e descarados de beijos taciturnos eu vivi a esperar.
Quantos golpes deferidos em desejos oprimidos se põs a me contar.
E a adaga prateada lentamente em meu corpo a matar.
Ah,
Quantas lágrimas,
Quantas lágrimas meu amigo,
Mas que guardaste pro jantar.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O homem que eu amo.

Certa vez perguntei a um sábio:
Como faço para viver nesse mundo?
Como faço para crescer, caminhar, falar, me relacionar?
Como faço para ser bem sucedida?
Como posso amar e ser amada?

Entre essas e mais mil e doze perguntas que fiz, ele me respondeu com seu jeito calmo, tranquilo e sempre sereno, com voz mansa e sabedoria secular da alma:

- Minha filha, seja sempre quem você é.
Não mude pra agradar outros.
Seja sempre verdadeira.
Ame com toda a tua força pelo tempo que te convier.
Nunca perca a sua fé.
Seja correta e idônea em todas as situações.
Voe junto com tuas borboletas.
E por fim, viva sem se preocupar.
Se assim for, você chega lá.


O sabio homem disse essas palavras em muitos momentos de minha vida.
Além de sábio era anjo,
Quando ele me ensinou a não julgar os outros, eu ainda engatinhava.
Quando eu caí da bicicleta pela primeira vez e muito chorei, veio ele com passos largos e voz mansa me abraçar.
Quando eu tive a primeira desilusão amorosa na pré adolescência, ele me viu chorando escondida, e me abraçou mais uma vez.
Quando eu estive doente, veio o meu sábio com seus chás medicinais e me curou.
Num abraço ele me deu o mundo, num afago me fez conhecer o amor.
E é sempre esse abraço e esse colo que eu procuro quando me sinto em agonia.
E mesmo quando criança (e criança nunca tem problemas), eu gostava de me sentar no colo dele e ouvir aquela voz mansa com os meus ouvidos grudados na barriga dele.
Só pra ouvir, e dormir ouvindo o timbre daquela voz serena.
Sábio sereno dono do meu amor descompensado.
Professor, médico e juiz de meus passos sem compassos.
Um amor de sempre, e para sempre.
De meu amor que a ti foi subjugado com tuas armas de amor e paz.
Caro, idolatrado, estimado, namorado:
Pai.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Nada.

Nem sono nem fome nem febre.
Nem email nem comentário nem scrap.
Nem mensagens ou ligações.
Nem saudade nem recordações.
Um nada que me mortifica com a sua solidez exaltada.
Nada.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

As estrelas que eu queria para mim.

Impossível viver nesse mundo,
Andar com meus passos largos grudados no chão.
Se eu não posso me alar e tocar nas estrelas.

Eu não quero mais do mesmo,
Rotinear pelas esquinas todos os dias,
Se eu não posso viver minha insanidade construtiva.

Você goza de seus ruídos e sons,
Enquanto eu, paupérrima artista, produzo letras e fonemas,
E nada que eu goze é teu tom.

Eu quero uma sem-rotina diária,
Uma felicidade repentina.
E as ilusões rodando em verdade.

Eu quero sorrir em ciúme,
Sentir grande febre terçã,
Morrer numa ensolarada manhã.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ter pra quem voltar.



É bom ter teus olhos sonolentos de manhã.
Mas chegar em casa cansada da vida, da morte e da razão,
e encontrar tuas mãos em aconchego,
teus braços em abraços

É ter tudo.
É medicina para minha sobrevivência.










(Te amo com o amor mais bonito que já vi nascer em mim)