Que está de volta me abraçando como se nunca tivesse partido.
Senta aqui, eu faço café.
Vou te contar por onde estive, e da falta que você fez.
-Oh. Você veio acompanhada de um metro e noventa de sorrisos!
Que bom.
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Felicidade.
Gratidão.
Ela estava nessa estrada a muito tempo. Opaca, foi deixando suas cores pelos lugares que passou. Sentia certa saudade, mas já estava condicionada ao bege.
Ele apareceu com seu sabre de luz, deu um sorriso iluminado como o sol e com apenas um movimento rápido, a libertou totalmente de seus grilhões.
Ela viu o mundo girar, porque tudo mudou muito rápido para a condicionada.
Mas ao sentir dentro do peito aquele calor familiar e luzes e cores intensas novamente, uma sensação enorme de conforto e felicidade a invadiu.
Como quando olhamos pro céu e sentimos o calor do sol no rosto em um dia muito frio.
Agradecida, ela olhou pra ele com muita ternura e percebeu que um tênue fio de luz os ligava. Era amor puro.
- Agora que você está de volta e já tiramos a poeira das suas asas, voe livre! - ele disse sorrindo.
Virou as costas para partir.
Mas ela deu a mão pra ele.
E desde então eles voam juntos, com irresistiveis sorrisos compartilhados.
Quando um cai, o outro ajuda a levantar. Voam lado a lado, que é pra sempre um ao outro iluminar.
São livres.
São uno.
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
terça-feira, 29 de julho de 2014
Amolenga
Abraços com jeito de borboletas no estômago. Beijos com sabor de chocolate em calda quente.O coração entregue, fremente.
Amarelado
Numa camiseta cinza
Perdida em meu armário
Tinha o odor embolorado
Ocre musguento e fétido
De amor esquecido há tempos
Na geladeira
Um solitário nômade no moinho.
As distâncias são grandes, muito grandes. E as viagens são muito longas e cansativas.
Não pensar o por quê de querer ficar é quase como ignorar o percurso do tempo, que ele insiste em jogar na cara, dando tapas que doem. E que esses sim, permanecem.
Não adianta olhar para o retrovisor e ver uma bela cidade iluminada, querer ficar, e seguir em frente.
Devorar livros para esquecer o presente, se jogar no trabalho que antes satisfazia e hoje em nada ajuda a rotina para desviar o trajeto maldoso que a mente insiste em procurar.
Comer tudo o que der vontade, lutando contra o funcionamento daqueles órgãos já escaldados pelo excesso.
Fugir. Daquela casa, daquela cidade, daquele estado, daquele país.
Olhar o gordo contra-cheque e não conseguir imaginar um sequer motivo para sorrir.
E aquelas velas numeradas em cima do bolo sentenciando o tempo de morte.
Fracassar sem entender. Se esforçar e perder. Traduzir a bíblia do latim para o francês, para que a saudade não sufoque, para que o coração não congele dentro da fogueira.
Depois de tanto vazio, só resta vazio. Mesmo que os dias passem e a estopa seja grossa, o vazio continuará lá, determinando para sempre a existência destes dias cruéis.
Procura-se um esboço de sorriso no espelho, mas é o travesseiro quem limpa as lágrimas recorrentes.
Solidão e medo na sempre companheira mala pequena.
De tudo, apenas dois trunfos. Dois companheiros.
Então ama, bebe e cala.
Vai, pára na esquina, passagem na mão, olhos na cidade. Acende seu cigarro de palha.
E anda.
Pedido negado.
Ontem te amei, hoje já acordei sem te gostar.
Tanto fiz em te elogiar que repudiei.
Você sempre igual, pontual em rimas sem par.
-
Eu a festejar o meu atraso, e você a me encarar.
Eu a procurar passar os ponteiros rapidamente,
Você num suspiro conta os segundos devagar.
Eu pele e cheiro, você relâmpago a se apagar.
-
Eu com medo do tempo não passar.
Mas você é o dono do tempo.
O mensageiro que veio me avisar.
Que hoje as horas serão do vento;
-
Oh, meu caro amigo!
Faz do meu castigo alento,
Meu relógio querido
Faça, por favor, as horas passar.
Ambiguidade
Tenho estado calado.
de tal modo que paro.
Meio morta, meio interrogação.
Ninguém agora faz a menção
Dos dias desiguais que se passam.
A porta do quarto que não fecha.
O buraco da fechadura macabro
Que aos poucos me revela.
E o destino que é traçado,
naquele mapa amassado
Foi descoberto, foi amaldiçoado.
Por mil bruxas e profetas
Que ao meu lado,
De anjos andam disfarçados.
Au moment de mon départ.
Eu encontrei este espaço
Entre o amor e a dor
Entre a cruz e a majestade
Por dias e noites indaguei
Que sentimento ardente seria este
E vieram anjos que disseram:
"Chame, oh Deus, de saudade."
É por isto, senhoras e senhores
Da cidade pequena com língua grande
Das casas com ouvidos gigantes
Com avidez pela novidade
Que lhes digo, estou de partida
Vou e não volto para este circo brilhante
Deixo para trás o futuro que não chegou
Os dias contados de um caminhante
Deixo a inveja, a cobiça e algumas cartas de amor
Deixo a rotina, o amor de uns, a razão que não me quis
Vou-me de mochila, de ansiedade, e piso no acelerador
Vou com a sina de ser mais que aprendiz
Vou e vou de uma vez,
Por isso dou esta festa
Não chore e conte até três
Beba com pressa, depressa
Brinda ao deboche e ao calor
Que o álcool afrouxa o entendimento
Das coisas do coração, da paixão, do amor
Aprisiona a mente e devora o pensamento
Faz o melhor papel de apaziguador
Não toque, não impeça, não minta assim
Me deixa ir e ser feliz, por favor
Que agora me despeço de ti e de mim
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Para Gui.
Chorei de saudades de você, de te ouvir me chamar de minha nega, de ficar horas pendurada no telefone com você, você me fazendo rir feito louca e eu no meu pequeníssimo apartamento sorrindo só por ter você na minha vida.
Saudades dos açaís que eu e você tomamos juntos, só nós dois. E do quanto você me ensinou sobre a sua vida de artista. Daquele dia que carregamos aquelas molduras de 100kg -cada- por Copacabana inteiro, porque você precisava delas com urgência. E com pena, você pegou 4 das 5 e me deixou com uma só, apesar de seus músculos não serem tão fortes. Você tremia e suava, mas não deixou eu carregar nada mais do que uma pequena moldura.
Saudades dos seus abraços, e de quando beijava minha bochecha. Saudades do seu sotaque baiano e quando falava de mim como se eu fosse uma terceira pessoa:
-Bárbara é linda. Bárbara quando entra, chama a atenção. Bárbara é estabanada.
Saudade de uma amizade que, como eu sempre disse, eu jamais havia visto igual. Amor verdadeiro, amizade verdadeira, tua alma de artista preenchendo minha branca tela. Teu amor, teu afeto, teu carinho.
Saudades de como sentávamos naquela boteco de Copacabana pra tomar um suco e depois íamos pro seu apê comendo aqueles biscoitos alemães que seu namorado comissário trazia toda a semana.
Saudades das tantas vezes em que me vi perdida, e você me dava a mão, os braços e abraços e eu me encontrava com a sua ajuda, com a sua seta, com o dinheiro que você me emprestava ou com a proposta de emprego que você me fez e que não deu tempo de colocarmos em prática.
Saudades de ter você por perto, mesmo longe, em seus infinitos telefonemas e emails, com seus maravilhosos conselhos, com nossas idas aos teatros e galerias de arte. Eu sinto falta de trazer uma nova pedrinha a cada vez que volto do Sul, pra complementar a sua coleção, que hoje já deve ter virado pó.
Saudades daquele "adeus ano velho, feliz ano novo" que cantamos só eu e você, desertos por dentro em uma praia lotada.
Saudades daquele áudio que gravamos no celular juntos e eu perdi quando o aparelho quebrou no meio. Saudades de te ouvir cantar e das músicas que você lindamente fazia.
Mas eu sei que sua morte não foi em vão, porque em mim você sempre estará eternizado. Falarei de você e do seu sucesso artístico e pessoal para meu filho, para meus netos.
Como eu sinto a sua falta, meu amigo.
Eu amo você, para sempre amarei. E estas lágrimas que caem hoje desesperadamente são apenas gratidão por eu ter tido a sorte de um dia ter tido você bem perto de mim.
Hoje, um ano e quatro meses sem você, e eu só precisava desabafar.
Daqui te mando um abraço muito apertado, igual os que você costumava me dar, com todo o amor do mundo.
Da sua neguinha.
In memorian de Fagner Fonseca - Gui.
quarta-feira, 2 de julho de 2014
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Você sumia, ia desaparecendo no horizonte, caminhando no seu passo lento e calmo e suspirando paz como só você sabe fazer.
Eu fitava a cena, o horizonte, os pássaros e a chuva de uma manhã clara que alumiava os meus fartos pensamentos distorcidos. Dá uma puta dor fodida isso, de doer os ossos como naquela noite fria em que tínhamos poucas cobertas e as janelas estavam com lençóis pendurados pra impedir, sem sucesso, que o vento entrasse em nosso bagunçado quarto provisório. Uma puta dor fodida.
Eu tinha gravado na minha memória aquela tarde de muito calor e sol, em um verão divertido, que eu tomei 3 ou 9 banhos de mangueira e onde bebemos cerveja quente e falamos sobre bebidas, cigarros, cabelos, falta de cabelos, Ozzy, tornozelos torcidos, amor, sexo e bilhetes em papéis de pão. E rimos como crianças, escrevemos nas mãos como crianças, bebemos como se o mundo fosse acabar.
Enquanto eu via você sumir naquela estrada linear, eu pensava naquela tarde de sol, e confesso, senti agulhadas sutis em determinado lugar dentro do peito.
Por um breve momento, eu quis esquecer, mas Bon Iver invadiu o fone de ouvido.
''Amor magrelo, dure pelo menos até o final do ano'', e eu lembrei que aquele sofá-cama azul marinho era tão duro que ainda havia um calo em minhas costas desde a noite em que você subiu em cima de mim ao som de ''Losing my religion". Eu lembro de rir mentalmente de tamanha ironia, eu perdendo minha religião, tentando me igualar a você, e eu sei que não consigo fazer isso. E a sua religião, que eu me lembre, é amor. Um amor bonito.
E no auge da minha agonia, eu citava Shakespeare, porque realmente, não há Pepsi-Cola que sacie a delícia dos seus beijos. Eu sinto tanto por ter alguém roubando o melhor de você. Eu, um sócio, os cigarros ou o álcool.
Ne me quitte pas. E o quentão desceu tão redondo quanto aquela vodka gelada da primeira noite em que eu não descansei enquanto não bebi o resto do litro. O quentão aqueceu a pele, a alma e as partes mais geladas dentro do peito. Mais uns goles, subiu um negócio aqui dentro que me fazia querer te beijar e eu te vi ali, lindo me olhando, enquanto entalava dentro da minha garganta um pedaço de cravo que desceu arranhando até os ossos. Eu ri, pra disfarçar, parecendo uma gazela bêbada fazendo sons esquisitos, e enquanto o cravo desaparecia de vista, a sanidade tomava de novo seu lugar em meu cérebro.
Isso me lembra que só dessa vez, só nessa história, não fui eu quem vomitou no primeiro beijo ou ao ouvir eu te amo, e sim você, ao ouvir um abafado James Reyne. O que torna tudo mais diferente ainda.
Hoje a noite não tem luar, então nós dançamos em um quarto escuro, com a música baixinha e os pés lentos. Me abraça forte e diz mais uma vez que estamos bem. E nós abraçamos.
"Olha: o cachorro voltou a latir, eu catei os papéis do banheiro, você não volta mais, eu gosto de Pantera, eu também, mas porque caralho tem tanta Adele aqui? Galinha poedeira, não quebrei nada ainda, vou no mercado comprar água, esqueci a água, quero café, tô com azia, beijei a Paula, soquei a Renata, casei com Antônio, ainda vejo Roberto, acabou a bateria, os cigarros, o café. Arruma a cama, liga o carro".
Num movimento brusco, um abraço muito forte e um beijo longo, pra logo em seguida tomar mais cautela, virar o rosto e falar de como aquele sofá-cama pode ser duro. Num movimento brusco, um resquício, uma fagulha de alguma coisa doce saindo dos olhos. Num movimento nem tão brusco, o aperto e o desespero de arregalar os olhos para ir ao banheiro.
Lobo da estepe acredito na tua dor, chorava o celular enquanto eu te olhava dormir. Um anjo. Até começar a roncar feito o motor do caminhão das galinhas.
"Esse azar sobre você, como uma nuvem que não chove", eu ouvia. E ria.
"Você lembra de tudo?" - Incontáveis vezes você perguntou.
Memórias presentes, ausentes, vívidas e póstumas.
Eu avisei, ela avisou, eles avisaram, você mesmo se avisou.
É essa minha puta necessidade de ir embora. Esse taquicardia que começa quando se prolonga o tempo nesse lugar onde eu morri pela primeira vez.
Essa corrida contra o ostracismo dos amores e tudo que deles provém. Mágoas, dores, rotinas e excessos.
Pode ser que eu não encontre nessa ponte o endereço.
Fugaz! Cara, é isso.
É o fugaz que me comove, que me faz querer ficar só um pouco mais nessa estrada linear, pra ver o pôr-do-sol do horizonte enquanto você caminha pra longe de mim e eu jogo a bituca ainda acesa no chão, queimando qualquer coisa por perto. O fugaz e o café.
É tudo tão inconstante e breve, mas bonito, como a rima interna daquele samba que você odiou enquanto eu ouvia, branca de nostalgia.
Mas pelo menos dessa vez não ouve meias verdades ou uma fé imensa.
Amo, bebo, calo e vou embora. Porque nosso amor que não esqueço, e que teve seu começo numa festa de São João, morre hoje sem foguete, sem retrato e sem bilhete. Sem luar, sem violão. Mas sobrou aquele Camel amassado, um isqueiro roubado e aquele calo dolorido nas costas.
E mais uma vez, como em outras histórias antigas, eu volto a cantar 'Somebody that I used know', enquanto andamos lentamente em direções contrárias nessa estrada.
Eu de casaco xadrez pra aquecer do frio. Você com a cabeça nua, pra gelar a alma.
(Eu roubei esses versos musicais como quem rouba pão da padaria).
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Que tu m'aimais encore
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore
Serait ce possible alors
Mais qui est ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais
Je ne me souviens plus c'était tard dans la nuit
J'entend encore la voix, mais je ne vois plus les traits
Il vous aime, c'est secret, lui dites pas que j'vous l'ai dit
terça-feira, 10 de junho de 2014
Assisti a um documentário sobre crianças psicopatas e descobri uma banda nova por sugestão do youtube. Tomei remédio pontualmente ao meio dia, como nunca faço. Quis beber cerveja no almoço. Entendi, mais uma vez, porque pessoas se drogam quando estão tristes. Embora eu não adie meu sofrimento. Cheguei à conclusão que a intensidade da dor ameniza o tempo que ela permanece na cabeça. E não vou chorar. Porque não consigo. E prefiro evitar o assunto.
Passei batom vermelho, mas escolhi um brinco pequeno. Dei bom dia ao meu irmão, as plantas do jardim. Fui feliz por cinco segundos. Pensei em sorvete de pistache, putaria, Tom Waits, teoria da conspiração e Ask. Comprei um quilo de patinho. Abri a geladeira, bem rápido, porque está frio e tive aquele medo absurdo de que eu congelasse. Joguei fora uma banana preta, que eu comprei há três semanas. Dormi três horas. Olhei pro celular algumas vezes, até que finalmente ele descarregou. Por fadiga, desprezo, medo, mentira, desinteresse, outra mulher mais gostosa ou algo que eu tenha feito e não saiba. Mas não vou pensar nisso. Nem beber em homenagem a isso. Por que não quero valorizar o momento. E também não quero falar sobre ele.
Escrevi uma poesia. Apaguei a poesia. Me olhei no espelho por mais tempo do que o normal, procurei brilho no meu rosto; nada. Me senti mais cansada do que o normal, com menos fome do que o normal e meu humor estava cabisbaixo. Tive medo de morder pessoas. Pensei mais do que escrevi. Escrevi mais do que falei. Baixei três episódios de uma série. Aquela. Aquela que. Esquece. Não quero resgatar nada. Nem falar de nada. Quero acordar no mês que vem. Quero acordar livre disso. Queria poder ligar o som para ouvir uma música animada. Mas.
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Cotidiano
É mais um dia do tem-de-ser sem sequer pensar no e-se-assim-não-for.
Lavei o sono com água fria e um suposto repelente de borbulhas. Suposto.
O café preto de costume, a letargia do amanhecer e o fardo pesado de mais um dia a percorrer. Terá que ser mesmo assim?
Nunca gostei de verdades absolutas; e mais verdade é que também sempre me perdi no meio da relatividade, pendente entre os vários lados sem saber qual deles não tinha nariz de pinóquio. Bailarina no limbo, bem sei.
A questão é que o tem de ser deixa-me enjoada pois não lhe encontro as raízes. Não combina com o meu par de meias, nem brincos tampouco. Não se dá comigo. Não sei.
Cabe-me melhor o eu-assim-quero. Hoje fico por aqui.
Mas maldita varinha de condão que nos conduz e que pedras nos põe no caminho, nem tanto para nelas tropeçar, mas para decidir um destino.
Nessa altura espero pelo amanhã, que um sinal nele apareça. Pois decisões nunca foram comigo.
Não as quero nem em fios de promessas enroladas.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Tinha cubos de gelo incrustados na carne, e sentia orgulho de ser assim.
Ela era também fugaz como aquele vento frio que bagunça nossos cabelos e faz nosso nariz ficar vermelho.
Perpendicular a isso, era afável. Intensa.
Doava carinhos demais, palavras doces, sorrisos. Gostava de recebê-los.
Tinha sempre estes dois lados, e os dois eram fortes demais para que um aparecesse mais que o outro, então os dois eram predominantes. Ela era duas, e estas duas tinham pólos opostos.
Difícil entendê-la.
Era agridoce. Discreta e estabanada. Intensa e sutil. Um pouco louca, um pouco sanidade. Um quadro típico metamórfico de dualidades reversas. E adorava ser isso.
Era aventureira, gostava do perigo, do risco, de se atirar de um avião com um pára-quedas e de cair em queda livre. Amava sentir correndo em suas veias a adrenalina. Idolatrava o prazer de viver intensamente.
Ela era a fuga do fugaz prazer que o amor oferecia. Era fugitiva.
Não era do tipo que andava de mãos dadas como discretas algemas cabíveis na sociedade. Não gostava de receber flores bonitas que já estavam morrendo com o passar das horas. Não queria a luz das velas que se apagariam com o sopro de um sussurro.
Quando isso acontecia, ela desaparecia.
Deixando para trás algumas lembranças doces do seu jeito maluco, dos seus rastros de lama no tapete, do perfume de flores no casaco, dos fios de cabelo no sofá, da música que cantava sem saber, das gargalhadas banais, da alegria medonha de quem faz o errado parecer certo e faz o certo de forma errada.
Estas lembranças ficariam guardadas nas memórias ou nas gavetas de alguém.
E ela voltaria a aparecer, gargalhar, cantar pelas avenidas de outro alguém.
E quando tudo parecesse maravilhoso de novo naquele novo mundo, algo a inquietaria, a faria mover os pés, as pernas e os braços sem olhar para trás em direção ao cais, ao aeroporto.
Mostrando o passaporte ela novamente diria sorrindo:
- Preciso de uma passagem só de ida, por favor.
quinta-feira, 15 de maio de 2014
(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarrá-los em qualquer pedra no chão e me salvar desse sentimento de apego. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude,
sábado, 10 de maio de 2014
Você, de novo.
Algum dia, quando eu estiver terrivelmente chateada
Quando o mundo estiver frio
Eu me sentirei bem só de pensar em você
E como você estava aquela noite
Você é tão adorável, com seu sorriso tão caloroso
E sua bochecha tão macia
A cada palavra que sai de sua boca, sua ternura cresce
Levando meus medos embora
E aquela risada que enruga seu nariz
Toca meu coração bobo
Sim, você é adorável,
nunca,
jamais
mude
Mantenha esse charme que me tira o fôlego
Pois eu te amo;
Exatamente como você está essa noite.
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Tão bonito
No particular,
nosso mundo,
Eu assisto.
Um quase segredo,
Tu me canta
Encanta.
Eu fujo e ouço ao fundo:
Te amo.
Então volto prum beijo,
De bobo te chamo.
E o bobo canta e toca
Essa música pra mim
"Querubim" - ele pede -
"Toca o coração dessa moça andante."
Mas quem toca é ele,
Quando o primeiro acorde sai
E ele canta com um sorriso,
o corpo dançante.
Todo amor do mundo
E ele ama ela.
Ela ama ele,
mas seu coração é vagabundo.
domingo, 6 de abril de 2014
Joguei no lixo do meu quarto verde as memórias, as desilusões, as coisas ruins.
Pra começar de novo é assim.
A gente tem que estar leve pra poder perceber as nuances de um olhar, nas primeiras (e segundas) intenções que se escondem por trás de um sorriso malicioso, de um abraço demorado, de um beijo no cantinho da boca (quase como que roubado).
Sou a primeira pessoa do meu plural, confusa.
De nada adiantou promover um canto confortável e macio para alguém, criar teias intrincadas de sentimentos, furtar para si o que ela tem de mais genuíno e doar para ela o que você tem de mais quente, de mais borbulhante, de mais perigoso;
Isso não adianta nada, os tecidos seguem agregando seus pedaços perdidos no mundo, incorporando para si os milhões de fios de seda, de algodão, de lã, de linho e constituindo lá dentro a estopa que protege meu peito das friagens, das bruscas quedas de temperatura, das ventanias, das geadas e de toda a sorte de variações climáticas possíveis.
Dessa vez, e que se ressalte: só dessa vez, você não era pano, era o contrário disso, era o delírio de uma tarde sem sedativos, era a tentativa do último gole de cachaça que faz voltar à terra todo oresto do litro, era a gota de chuva que pega singularmente na nuca e escorre pelas costas por dentro do casaco, era saudade que deita o mais forte dos homens em febre terçã.
- você ventou em mim.
quarta-feira, 2 de abril de 2014
sexta-feira, 21 de março de 2014
Altar, altera, alter—ego.
Ah, tu que um dia me quis tanto
Hoje tatua o pranto
A dor do encanto que sobrou
O pouco de amor que transtornou
Ah, hoje com a tez enrugada
Dita vidas que não tive
Amortece a dor com a fala
E fala, a língua ácida que agora vive.
Tu, que era e ainda será
O bom e doce do amor tão pleno
Ainda na morte dos dois, quiçá:
O um te fará mais sereno.
Ah, tu, tua cândida face,
Um lamento da tarde fria
Ausente das chuvas e dos ventos
Presente na sala vazia.
Não posso seguir esse passo
Nem encontrar o que perdi em ti
Sou despedida, num abraço
Sou morte morrida do colibri
Por amor, uma promessa
Quebrada com as mãos trêmulas
Com o corpo pesado, com pressa
Sem pudor, sem certeza.
Hoje caminho na avenida solitária
Vejo teu rosto nas pedras da rua
Clamo por uma doce menina
Que te fará sorrir, será só tua.
Do perdão, uma súplica
Que te faço em oração
Peço em silêncio, cálida prece
Teu altar triste, meu quinhão.
Sou consciente do amargo
Que minha busca por liberdade traz
Na lápide que carrego com zelo:
Amou demais, aqui jaz.
terça-feira, 11 de março de 2014
Rascunhos em respostas.
Mais poesia,
Mais educação,
Mais harmonia.
Ah, os mais que faltam no mundo!
Faltam porque fazemos
de nós,
Insensíveis vagabundos.
Transeuntes de uma vida,
Correndo em disritmia.
Olhando sem ver
O pobre e o pão,
As urgências do coração,
A morte do irmão.
Do exagero,
a morte do amor.
Do desapego,
a mão que enlaça.
Da posse,
a ilusão que te embriaga.
Vê, irmão, a nobre poesia
Do amor livre, da dor sentida em dobro
De ser uno, em uníssono.
Sê a breve vertente da liberdade
Deixa a cruz, carrega o vento
E só pra ti,
tenha esse olhar atento.
Deixa ir, com compaixão.
Só segure firme tua própria mão.
Da felicidade,
faça tua alegoria.
Um carnaval livre
das tuas próprias fantasias.
sábado, 8 de março de 2014
O conto que nunca te contei.
Briga de casal jovem, que briga por besteira como se o mundo todo fosse acabar.
Mas dessa vez eles haviam pegado pesado, ele havia pegado pesado com ela mais do que nas outras vezes, talvez por estar cansado dos gritos dela.
Ela saiu do pequeno apartamento de térreo que os dois dividiam no Catete sem conseguir conter a cachoeira de lágrimas.
Soluçava, enquanto tentava organizar os pensamentos sobre onde ia, já que não tinha muitas pessoas conhecidas naquela metrópole quase desconhecida pra ela até então.
Pensou em procurar o tio, que sempre a acolhia nos momentos que precisasse. Ele era também sua única família por ali.
Pensou melhor e constatou que o tio se preocuparia com seu bem estar e a mandaria de volta pra casa, e ela não queria isso. Enquanto pensava, passou por um casal discutindo, mas não deu muita atenção.
Depois da esquina, na outra rua em frente ao boteco em que ia sempre tinha uma pensão, e ela resolveu passar a noite ali, pois tinha um pouco de dinheiro na bolsa.
Quando chegou, estava tudo fechado e as luzes apagadas. Tentou tocar a campainha mas ninguém atendeu, as lágrimas e os soluços continuavam e ela decidiu encontrar algum hotel por ali ou na Pedro Américo, pois isso parecia razoável pra ela naquela confusão em que estava sua mente.
Foi então que uma mão tocou seu ombro e uma voz grossa perguntou:
"Moça, tá tudo bem com você?".
Ela se virou e viu aquele homem barbudo com o cabelo comprido preso em um coque na nuca, bonito (mesmo) e com um sorriso no rosto. Ela estava confusa, mas chorou mais um pouco, quando ele a abraçou e disse "seja lá o que for, está tudo bem, vai ficar tudo bem" e apertou os braços pra apertar ela naquele consolo dado por um estranho.
Foi então que ele perguntou se ela estava procurando lugar pra dormir, ela acenou com a cabeça em afirmativa e ele disse que conhecia o dono do hostel da outra rua, e que iria ajudá-la a entrar lá, mesmo sendo tão tarde da noite.
Eles foram juntos até lá, mas o hostel também estava fechado. Então sentaram num banco para pensar juntos e foi aí que ele teve a idéia de beber umas cervejas. Foram até o cachorro quente da esquina e ele comprou duas cervejas. Sentaram na calçada e conversaram, ela falava sem parar sobre o que havia acontecido, e quando terminou chorou até vomitar. Ele segurou o cabelo dela e disse "vomita que você vai se sentir melhor", e ela realmente se sentiu melhor mesmo com um estranho agora limpando sua boca vomitada.
Beberam mais e ele disse que todo mundo o chamava de Manél e que morava em Botafogo. Não deixou ela pagar as cervejas e disse que também estava brigando com a namorada quando a viu passar chorando.
Ele fazia cinema na PUCRJ, gostava de viajar pelo Brasil tirando fotos e morava com o irmão e um labrador chamado Chico. Era alto, magro, barbudo e muito bonito.
Ele falava apaixonadamente sobre o festival de esquetes em que estava participando, e que ia ensaiar no dia seguinte de manhã com um amigo, e que aliás, ela deveria conhecer esse amigo.
E então, depois de algumas cervejas, risos e muita conversa, os dois pegaram um táxi e foram para Botafogo, compraram muito mais cervejas no cachorro quente do que parecia ser já um velho conhecido de Manél e foram pro apartamento dele. Um lugar pequeno, mas muito aconchegante e arrumadinho, a sala era relativamente grande e Chico dormia tranquilo num tapete grande ali, e Manél cordialmente ofereceu o sofá e disse para ela não se preocupar que ele não faria nada com ela, ele só queria realmente ajudar.
Eles foram para o minúsculo quarto dele beber as cervejas, e ele mostrou a ela as belas fotos que ele tirou, muitas do Sul, lugar em que ele adorava ir, coincidentemente, já que ela era gaúcha.
Uma hora depois, mais ou menos, eles desceram juntos para levar o cachorro Chico para passear. Ele pegou na mão dela. Ela sorriu.
Voltaram para o apartamento, tomaram mais cervejas, conversaram enquanto ele fazia carinho no cabelo dela descompromissado, apenas por fazer. Ele tirava fotos dela fazendo caretas enquanto ria.
Conversavam muito, quando numa onda de entusiasmo ela o viu pulando como uma criança, rindo um sorriso maroto e perguntando:
"Quer saber como eu me divirto de madrugada?"
Sim, ela queria. Não tinha como resistir ao entusiasmo daquele homem menino que era tão bonito por dentro (e por fora).
Ele pegou rapidamente o telefone, discou, esperou uns segundos com cara de criança travessa e passou o telefone pra ela dizendo:
"Pede uma música".
Ela sem entender nada e sem pensar muito pegou o telefone e disse:
"One do U2" e uma voz parecida com a do Lombardi com sotaque paraíba no outro lado da linha perguntou "E qual o seu nome?", ela respondeu e o pseudo Lombardi responde "quer mandar um alô pra quem?" e ela rapidamente disse que pro Chico do Manél.
Minutos depois começa a tocar na rádio a música pedida, ela olha pra ele e ele a tira pra dançar. Eles dançam devagarinho até que o pseudo Lombardi fala, cortando os minutos finais da música pra dizer que essa música tinha sido dedicada da Bárbara pro Chico do Manél.
Eles riram, riram por muitos minutos, enquanto Manél fazia a próxima ligação.
Ao todo devem ter sido umas 15 ligações para a mesma rádio, dando nomes diferentes e intercalando ele e ela enquanto faziam vozes diferentes ao telefone. Eram duas crianças que se encontraram aquela madrugada e que riam até doer a barriga.
Foram fumar um cigarro na janela do quarto e enquanto ela tirava os brincos que já estavam incomodando ele perguntava meio sem jeito:
"Porque você ainda está com ele?"
Ela não disse. Apenas olhou pra baixo, cruzou os dedos e ficou pensando.
Ele disse então:
"Você ama esse cara né?" e ela afirmou com a cabeça.
Ele então a puxou e a beijou, apaixonadamente, com uma mão na cintura dela e a outra agarrando seu pescoço. Ela gostou.
Depois do beijo olhou de um jeito sério nos olhos dela e disse: "Poderíamos ser amantes, então?" e eles riram muito, novamente. Ela parou, voltou a tragar e perguntou:
"Poderíamos ser amantes vitalícios, o que você acha?"
"Amantes vitalícios... eu adorei essa idéia! Quero ver você muitas vezes mais, estar com você é como voltar a ser criança!", disse ele com os olhos brilhando e um lindo sorriso torto. E então travou um monólogo sobre o seu monótono relacionamento e como tudo em relacionamentos parecia tão complicado quando na verdade deveria ser simples. Ela ouviu atentamente.
Conversaram quase toda a madrugada, gargalharam a maior parte do tempo, tiraram mais fotos, ele dela, ela dele, beberam quase toda a cerveja e então deitaram os dois de conchinha e de roupas na pequena cama de solteiro de Manél. O rádio ficou ligado e ela dormiu ao som da voz do paraíba que sonhava em ser Lombardi.
Ela acordou serenamente as 8h da manhã, e ele ainda estava com ela nos braços naquela conchinha confortável que fez ela dormir bem e sorrindo. Ela levantou, calçou os sapatos, olhou ao redor e viu seus brincos. Deixou ali de propósito para que ele lembrasse dela, mesmo gostando muito daquele par de brincos.
Olhou pra ele com muita admiração, dormindo o sono dos anjos. Agradeceu baixinho.
Saiu pela porta, deu um suspiro, e desde então, nunca mais o viu.
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Carta.
Mas ao ouvir tua voz mansa, meu coração dá um aperto bobo e as memórias caem em minha mente como uma cachoeira desenfreada. Lembro das nossas cervejas quentes e que eram tão ardorosamente degustadas pouco antes de nos atirarmos um nos braços do outro.
Lembro das repetidas vezes que em meio a abraços éramos interrompidos pelo choro que vinha do outro quarto, e você, em sua infinita paciência, sorria e me dava um breve beijo na testa com a mão encostada em minha bochecha.
Um desperdício, creio eu. Um desperdício de tanto amor.
E agora um desperdício de saudade.
Não porque não valha a pena sentir sua falta. Você sempre valeu a pena.
Mas porque não vale a pena que esta curta distância que nos separa faça tanto mal.
Havia em nós um trato, uma amizade além dos beijos corriqueiros no pequeno apartamento.
Eu era sua, mesmo não sendo. E vice versa.
Quando seu caminho começou a seguir para a sua nova vida, nós ainda discutíamos sobre isto e ríamos das psicopatias alheias. Nós éramos uma boa dupla.
Sempre nos entendemos e sempre nos acolhemos em qualquer momento ou em qualquer tortura mental que dissipava nossa tranquilidade.
Fazíamos bem um pro outro enquanto tomávamos cerveja sentados no carpete do apartamento ouvindo repetidamente as mesmas músicas que você não aguentava mais.
Você me fazia bem enquanto dedilhava um som qualquer, pra em seguida, derramar cerveja e me beijar apaixonadamente como um pedido de desculpas.
Ríamos descaradamente dos absurdos que já ouvimos, ríamos dos filhos da lua e dos extraterrestres em suas figuras paternas. Ríamos também só por rir.
Depois disto, mesmo que secretamente, nos falávamos para saber um do outro. Tínhamos uma palavra secreta engraçada e um amigo invisível chamado Pedro.
Eu sinto muita falta deste cuidado supremo que nos mantinha entrelaçados mesmo distantes. Eu senti falta quando você não cumpriu o acordo que fizemos sentados naquela mesa do posto, já bêbados, e concordamos em sempre ter um ao outro secretamente.
Eu sei que a provável causa da quebra do nosso acordo tenha sido a sua busca pela felicidade em minha ausência, mas a realidade é que eu sinto falta da sua voz mansa e doce e de seus arpejos sintonizados com o coração.
Dia desses eu estava caminhando pelas ruas de um Rio antigo, quando ouvi alguém chamar seu nome. Olhei imediatamente com alguma esperança de que os boatos de que você viria para cá eram verdadeiros e você estava aqui. Mas quem respondeu foi o dono da banca de jornal, gordo e de cabelos brancos e com um rosto brevemente desconfiado.
Eu sabia que, no fundo, não era você, mas ao ouvir seu nome nada comum pelas ruas de Copacabana, eu me lembrei de que eu sempre vou sentir saudades suas e da sua alma tão cândida.
Com carinho e muita saudades, de dentro.
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Tenta-a-ação;
o fogo
do desejo.
Anseio,
teu beijo.
De quatro
para entender.
Essa malícia,
que é amor
e prazer.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Doce.
um sorriso, um abraço, uma música bonita, um conto obsessivo.
eu, você e todos os nossos vícios.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
Um quarto.
Um quarto. Um quarto de século, e ela nunca teve tão pouca vontade de viver.
Os dias são mastigados e cuspidos.
Os meses passam se arrastando e ela não consegue ver nada além de mais dias estupidamente mal acabados no ano novo que chegou.
Um quarto. Um quarto de século.
Sua apatia desestrutura sua mocidade.
Vai levando os dias um por um, sabendo que o fim da noite trará o azedo e fétido cheiro da amargura.
As marcas já são só marcas. As cicatrizes são só cicatrizes.
Mesmo que com faca afiada encostasse nelas, não doeria mais. A tudo ela se acostuma.
Uma tenra idade, o perdão, a noite, a cidade.
Tudo que a encantava, hoje é musgo no coração empedrado.
Talvez seja resultado daquela grande decepção, talvez arrependimento, talvez a culpa seja dela.
Ela não gosta de sentir pena de si mesma e então limpa rapidamente a lágrima que há tempos estava guardada e ela não deixava cair.
Voltou a si, sorriu seu sorriso ensaiado e foi dormir, ciente de que amanhã seria mais um dia.
Mais um.
Um quarto, um quarto de século.
Mas pareciam ter sido séculos inteiros dentro de um quarto.
sábado, 25 de janeiro de 2014
Ao amor que foi e voltou. E foi.
Eu sorvo uma vida esverdeada
E cato o tempo assim, mudo
Que me despiu essa madrugada
Saudade faz tão bem quanto o murro
Que a vida dá numa cotovelada
Desfaço a noite num sorriso puro
Que a muito tempo não encontrava
E teu olhar tão triste e baixo
Fala de um tempo antes de nós
Teu poema todo em que me encaixo
Faz de nós uma paixão atroz
E finjo que não sei
O que isso quer dizer
Eu e você sem lei
Num mundo ainda a se conceber.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Estes dias te vi, magro de sorrisos e gordo de amor.
Sorri.
É engraçado como as coisas aconteceram e foram acontecendo, e as decisões que eu tomei.
O mais engraçado é o quanto eu sinto a tua falta. Me falta como aquele dia que faltou cerveja e atravessamos a cidade pra buscar. É aquela necessidade urgente que a gente sentiu que eu sinto hoje por ti.
Me falta o olhar doce e o abraço apertado e aquele jeitinho de ir chegando e tomando conta do que era o meu pequeno pedaço de apartamento.
Me faltam os S's, os dós e os nós que nós mesmos fazíamos.
Outro dia te vi, e fumei mais um cigarro atravessado, ciente de que ele me traria de volta a realidade e de que eu estive sempre certa...
Não trouxe e eu não estava.
Tem alguma coisa em mim que foge do 'viveram felizes pra sempre'. E sempre fugiu.
Eu já tive coragem pra ir e vir, ser e não ser, estar sem você e viver com você. Hoje eu não sei bem se eu tenho qualquer coisa.
Eu só quero te ver feliz.
Que da minha sanidade cuido eu.