quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Cotidiano

98 centímetros
Um metro e noventa
Amores sem medidas
Cabe a leveza
Cabe o sapato, mas
Anda descalço
Que é pra sentir o gosto da terra
O cheiro do talco
A jasmim que plantamos
O castelo que fizemos
Três mosqueteiros
Um time, amor
Cabe a dor
Só de bater o mindinho
Clube secreto
Dois passarinhos
E a passarinha
Que voa junto
E risonha,
volta pro ninho.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Rei.

Teu sorriso abre pra mim,
Todas as alegrias
Magia sem fim.

Tua voz fala assim,
Como anjo, canta esse som
Réquiem do amor

Teu amor me vê assim,
Toda colorida, rainha
dos teus sonhos bons.

Teus olhos abrem pra mim
Todos os encantos
Tudo que se quer.

Eu vi na terra
Você chegando assim
Assim, de um jeito tão sereno

Me levando a um novo lugar
Transformando
Menina dos olhos d'água
Em força para continuar

Eu vi na terra
Você levando assim
Assim, de um jeito tão sereno
A dor e a mágoa

Eu vi esse anjo
Vestido de filho
Iluminando meu lar.

Espalhando alegrias
Soltando a âncora,
Que eu vi, na terra
Me salvar.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Sobre o amor que ensina.

Estamos vivendo nossos dias de cura.
Amor pleno, dias cheios, vida pacata, mas longe da monotonia.
Hoje somos guiados pelo amor sublime.
O sorriso do filho, o abraço apertado, felicidade palpitante, fazer café todas as manhãs mesmo que você não goste dele. O egoísmo ja completa quase um ano de falecimento. Depois de muito tempo, vejo todos os dias tênues luzes dentro de casa e um velho e bondoso amigo invisível que me sorri orgulhoso.
Em dias ensolarados saimos por ai a distribuir sorrisos e gentilezas, fazendo o dia de alguns melhor.
E nenhum de nossos dias é em vão.
Tua generosidade pode ser vista como um rastro por onde anda, e o brilho intenso de teus olhos gentis perfura até os corações mais amargurados e rochosos.
Dez anos de espera, para que nosso encontro pudesse ter esse resultado positivo para nós e para o universo.
Compartilhamos da mesma alma, e por isso nunca mais senti vazios. Não lembro qual é o tom de uma briga. Perdi o interesse por ruas baldias e estradas, que eram tão íntimas e preciosas para mim.
Sei agora que onde estou é meu lugar. E que o amor, quando é assim tão puro e sublime, é raríssimo. Essa doação diária, ânimos sempre acalmados e mãos dadas diante das piores tempestades.
Empatia, todos os dias. E simpatia.
Muito trabalho, muito cansaço, e aquela sensação diária de dever cumprido.
Distribuindo bondade, meus dias de estagnação definitivamente acabaram.
E tu, que me enche de amor e orgulho, com seu lindo trabalho de todas as terças feiras acalmando corações naquela mesa de luz.
És exemplo que eu sigo. E ao teu redor vejo essa luz prateada que ilumina todos os lugares por onde passa.
Contigo, a jornada é real e sublime, como deveria ser, e o aprendizado apenas começou.
Gratidão ao universo, pela nova chance de semearmos juntos, numa vida pacata e perfeita, desta vez sem guerras mundiais e enfermeiras solitárias.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Das dores.

A vida é um mar de ilusões, desilusões e de baques. Acontece com todo mundo.
Às vezes inesperadamente sofremos com uma surpresa nada agradável da vida. A desconstrução do conto de fadas chega para todos nós.
Em decorrência disso, às vezes não conseguimos  descansar ou relaxar como gostaríamos, nem mesmo aproveitar os momentos de lazer para fazer aquilo que nos faz bem. Não conseguimos nos desvencilhar de fantasmas recentes, traumas do passado ou das dores insuportáveis que sentimos com a falta.
Mas é exatamente nestes momentos que devemos ser mais fortes e principalmente positivos. Encarar o dia a dia como uma jornada maravilhosa.
Não reclamar do que te fere, e sim salientar o que te fez bem no dia de hoje. Ser leve, sorridente e empático com quem convive com você e com quem não convive também.
Existem tantas pessoas no seu trabalho, na sua casa ou naquela cafeteria que você vai todo dia, prontas pra te oferecer leveza e minutos de alegria. E bastam estes minutos para mudar seu dia. Seja essa pessoa que muda o dia de alguém também!
Mas você só vai perceber se estiver aberto a isso.
Então, abra-se para a felicidade de novo e principalmente adote a positividade em cada dia. Isso vai mudar tudo. Vai te fazer forte.
Todo mundo pode fazer tudo o que quiser, então, acredite em você mesmo. Não se deixe envolver pela nuvem negra de tristeza e negatividade, porque isso vai te fazer afundar. Otimizar seus dias com alegria é extremamente importante para você. Não espere sentado que um milagre aconteça para sua vida entrar de volta na linha.
Tudo melhora, tudo passa, todo obstáculo pode ser contornado.
Só depende da sua atitude.
Só depende de você.
Comece agora uma revolução dentro de você.
E, por favor, volte a sorrir de novo.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

É carnaval.
Em outros tempos eu estaria de malas prontas.
O dia passaria voando e logo seriam 22 Horas.
A viagem era longa, mas o sono seria tranquilo.
O sol timidamente nasceria e eu já poderia sentir o cheiro da minha terra.
Gostava de fazer surpresas, mas era como se sempre estivessem a minha espera.
Eu sei que chegaria em frente a sua casa e você faria aquele olhar de alegria. Com o sorriso mais lindo, mais sereno.
Você já estava acordado para abrir o portão, com o mate na mão e se não fosse surpresa, certamente a mesa estaria pronta, com aquele salame que você comprou na estrada e os melhores pinhões que você pôde encontrar.
Nós pegariamos o carro que você carinhosamente nomeou de "mimosa" e subiriamos a serra.
Serração alta naquela hora da manhã e muito campo por onde passamos. Você suspiraria feliz e diria como sempre: "eu amo esse meu Rio Grande!". E nós compartilhariamos daquela paz com longos sorrisos e meu olhar de gratidão por você me mostrar as belezas da vida de uma maneira tão simples. Você me agradeceria novamente, como tantas vezes, por ter colocado no mundo o " homem da sua vida" em forma de neto.

Mas hoje as malas não estão prontas.
Teu olhar e teu sorriso viverão eternamente na minha memória.
E não se preocupe,
eu cuidarei dele.
Como você sempre cuidou.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O caco que se esvai.

Eu estou cansada. Estou exausta. Sonho contigo todos os dias, e nos sonhos eu rio contigo em outros mundos, em mares mansos, em céus cor-de-rosa, amarelos e laranjas. Tomamos banho em cachoeiras em que a água é mais densa, podemos segurar ela nas mãos sem que ela escorregue, vimos faunas e floras que nunca existiram neste mundo aqui. E o mais importante é que estamos relaxados e muito felizes nestes sonhos. E como eu amo esses sonhos.
Mas sempre chega a hora de acordar, e a gente percebe que um sonho, por mais profundo que seja, sempre é um sonho. Um vislumbre de uma realidade que gostaríamos de estar vivendo. E como eu te queria aqui agora. Como eu queria. Eu tenho estado exausta, dormindo muito tarde e acordando muito cedo, com o fantasma das lembranças. Chorando escondida cada vez que tomo banho e fazendo forças sobrenaturais para ser forte e não pensar em ti a todo momento, porque quando isso acontece lágrimas escorrem deliberadamente no meu rosto.
Eu tenho sorrido até demais, pra esconder o vazio gigante que ficou aqui dentro de mim e a verdadeira face da dor que a minha face tem. Então eu resolvi que vou começar a escrever sobre ti, e essa postagem de hoje é apenas o prefácio. Quero te tornar imortal através das tuas histórias.
Eu tenho pensado no teu sorriso, em como tu me deu de herança aquela doçura e aquela mania chata de amar o mundo inteiro. De saber confiar nas pessoas, e de trabalhar muito duro pra se conseguir tudo aquilo que se quer. Nisso eu posso dizer que puxei a ti. Tu sempre foi tão engraçado. Divertia nossos churrascos de família, e falando nisso, QUE CHURRASCO tu fazia! Tu sempre ria do modo como eu sou estabanada, e costumava achar que eu era a guria mais linda do Rio Grande, e quando dizia isso, sempre me fazia corar. Eu me lembro quando eu tinha 13 anos e corri para a garagem nos fundos da casa pra chorar escondido o primeiro amor adolescente. O filho do prefeito de uma cidadela tão pequena que a avenida principal era só uma rua. Eu chorei muito, e tu, como todo pai que ama seus filhos incondicionalmente, deixou de lado o fato de que eu estava proibida de namorar, ou que ele era 5 anos mais velho, e então me abraçou muito apertado, pediu calma e disse que faria qualquer coisa para me ver feliz. Logo, começou a contar suas piadas e eu já estava rindo enquanto tu ia passar café e fazer torradas, como era de costume  nosso de todas as tardes. Eu nunca vou me esquecer daquele ombro amigo vindo de ti, na minha primeira dor de amor. Tu, que costumava odiar meus namorados secretamente, que fazia qualquer coisa para me ver feliz, que se dobrava em cinquenta para conseguir fazer da nossa vida mais confortável. E foi tão confortável, pai, que agora eu nem sei mais onde piso, porque me falta o chão sem tu por aqui. Me falta um pedaço de mim. Me falta tua ligação em plena segunda feira de manhã me dizendo que ia me levar pra almoçar. Dói tanto não te ter por aqui.

Segunda-feira vai fazer um mês que tu partiu deste mundo, e com o tempo as pessoas sentem mais dificuldade para lembrar do rosto, da voz, do coração de quem já partiu.
Mas eu ainda estarei aqui, neste blog, contando as tuas histórias para que o teu nome seja eternizado, teus atos de bondade, honra e amor, e também de como tu era engraçado, para que as pessoas sempre lembrem da pessoa incrível que tu foi, e das coisas incríveis que tu fez, da vida plena que tu levou e como tu partiu com a missão cumprida.
Te amo para sempre,


Da tua namorada eterna, e filha.

Bárbara Langsch

(Paulo Ricardo Langsch, vulgo Caco, foi engenheiro civil, e faleceu em 02.01.2015 vítima de um infarto fulminante, aos 52 anos.)