sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A hipnose da imprensa.

              A chamada gripe asiática ou suína e, finalmente, H1N1 foi alvo do cômputo obsessivo do total de casos, acompanhado por estatísticas diárias e 'em tempo real' - números não corroborados por nenhum órgão de imprensa, diga-se de passagem, que se contentaram em reproduzir os informes oficiais. Apesar da perturbação que causou, a doença mereceu, nos meses subsequentes ao anúncio da vacina, apenas cobertura irrisória da imprensa. A partir de argumentos alarmistas, informações modificadas e tendenciosas, insufladas por grandes corporações, governos e detentores de poder, vimos a população ser escancaradamente manipulada, tendo sido instaurada uma espécie de neurose coletiva sem precedentes.
            Curiosamente, a suposta epidemia foi notícia durante tempo suficiente para favorecer as mesmas megaempresas que confortavelmente 'descobriram' a cura, o produto salvacionista patenteado e sintetizado por elas próprias, que começou a ser vendido no momento exato em que as massas responderam ao estímulo hipnótico, passando inclusive a exigir de seus governos a encomenda e a aquisição de lotes da droga. Que timing incrivel tem a ciência farmacológica, não?
            Sem o saber, o povo se deixou induzir pelos veículos de comunicação, enquanto as contas bancárias dos institutos de pesquisas, dos grandes laboratórios, como também dos políticos que estavam por detrás da manipulação mental cresciam soberbamente.

Será que todos sabem que, com a saúde financeira seriamente comprometida, os grandes grupos de comunicação ao reor do mundo hoje extraem suas pautas praticamente das mesmas fontes- três ou quatro agências mundiais de notícias, que abastecem todos os veículos? É muito mais barato remunerar estas agências do que desenvolver apuração própria, com correspondentes ao redor do globo; isso é inegável.




Trecho retirado do excelente livro:
A marca da besta, de Robson Pinheiro.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Num pedaço de pau em cima daquela árvore
Em meio ao barulho quieto do mato
Entre aquelas folhas verdes e molhadas
Do sereno que passou e deixou rastro

Canta um pobre solitário na quietude
Um rouxinol  triste fugindo do sol
Nas asas, fogo, e um cordão no pescoço
Seu canto chora por ser só, o rouxinol

E sua voz entorna um pranto
Sua música dança entre as dálias
Entrega melancolia pelo pântano
Contorna o fluxo das águas

Mas o pobre pássaro ainda canta
Num suspiro melodioso, voa com dor
E morre no primeiro acorde, no primeiro pulo
Morre sem saber o que é o amor.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

PO- éticas/líticas.

Somos espectros,
mecanismos,
organismos inteligentes
perigosos.
Máquinas de orgulho,
Artistas da vaidade,
Máscaras do engulho,
Poetas da disparidade.

Egoístas.
O eu caminha à frente.
Dissimulados.
A verdade se faz ausente.

Somos feios, porém narcisistas.
Somos podres, porém maquiados.
Somos meramente fruto de um universo paciente.
E assim que o gigante acordar, seremos escravos.
Escravos de nossa mente doente.

Putrefarão-se as agulhas, adagas e adornos.
Caírão os sugadores, senadores e subornos.
Equipararão-se os mendigos, magnatas e subalternos.

Reinarão os artistas, os poetas e os loucos.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Chove, chove, chove.
A chuva vem para esta cidade despreparada, onde tudo entope, tudo cái, tudo fica aos pedaços.
Mas a chuva sempre vem.
Depois daqueles maravilhosos dias de sol, ela vem.
Mas será que é lá fora que chove, ou é aqui dentro que está doendo?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Das dores.

Você não sabe, mas hoje mais uma vez, eu comecei a escrever e na metade apaguei tudo, arrependida de retomar a escrita por você.
Quantas palavras se perderam no tempo, e em frágeis flores de algodão que se consomem com o vento, elas caíram antes de chegar a você.
Vamos vivendo com a ausência, em meio ao desespero da sociedade, a angústia da humanidade, cercados de regras sociais das quais não queremos seguir.
Não nos vimos, não nos conhecemos, apenas passamos um pelo outro em metrôs lotados prestando mais atenção na música do fone de ouvido do que em qualquer fantasma que por ali passava vestido de pessoa.
Não te conheço, e também não sei quem eu sou. Mas acho que no lugar onde estou estraguei a chance de ficarmos juntos desta vez.
Minha esperança é que leia minhas palavras, ou meu desespero, ou a tristeza espampanante em meu rosto, e talvez, algum dia, me encontre aqui nesta praia cheia, onde me encontro vazia.
(Out/10)
....
Com a falsa perspectiva de que só nós reencontraríamos na morte, as esperanças de ter você aqui, nesta vida já me escorregavam pelos dedos como a areia da praia em que estou sentada escrevendo isso.
Porém, em um pedido de socorro atendido pelo universo, nos encontramos.
Esta mesma praia em que vim parar pelo destino, era sua casa desde sempre.
E hoje vivemos juntos, arrecadando gestos de ternura em meio ao desespero da sociedade, a angústia da humanidade, cercados de regras sociais das quais não queremos seguir.
Sorrisos não são mais falsos. Gritos em mesas de bar não são mais necessários. Viver com você só me faz ser mais eu, mais sutil.
Hoje enfim pude completar esta carta, há tanto tempo já escrita, que nem lembro mais do gosto das lágrimas que me escorriam. Eram doces ou ardis?
Só me lembro da tarde de sol no Arpoador, o papel e a caneta na mão, e depois, a lembrança de você caminhando até mim, me trazendo redenção.

(Fev/11)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Contigo aprendi, enfim.


Eu te amo como você é, como você busca achar seu próprio modo especial para se relacionar com o mundo. Eu honro suas escolhas para aprender do modo que você sente que é certo para você.
Eu sei que é importante que você seja a pessoa que você quer ser e não alguém que os outros ou eu pensamos que você deveria ser. Eu percebo que eu não posso saber o que é melhor para você, embora talvez às vezes eu pense que eu saiba. Eu não tenho estado no mesmo lugar que você, vendo a vida do seu ângulo. Eu não sei o que você escolheu aprender ou como escolheu aprender, com quem ou em que período de tempo.
Neste lugar onde eu estou, eu vejo que há muitas maneiras para perceber e experimentar as diferentes facetas de nosso mundo. Eu aceito, sem reservas, as escolhas que você faz em cada momento. Eu não faço nenhum julgamento disto. Se eu negasse seu direito à sua evolução, então eu negaria o direito para todos os outros e para mim mesmo.
E com grande amor eu reconheço seu direito de determinar seu futuro. É em humildade que eu me curvo à percepção de que o modo que eu vejo como melhor para mim não tem que significar que também é certo para você. Eu sei que você é conduzido como eu sou, seguindo a excitação interna para saber seu próprio caminho.
Eu sei que as muitas raças, religiões, costumes, nacionalidades e convicções dentro de nosso mundo, nos trazem riqueza e nos permitem o benefício de ensinamentos de tal diversidade. Eu sei que cada um de nós aprende de nosso próprio modo.
Eu não só o amarei se você se comportar da forma que eu acho que você deve ou acreditar nas coisas que eu acredito. Eu o amarei por ser quem você é, pelas suas convicções e personalidade marcantes. Pelo seu jeito de agir. Eu te amarei por ter escolhido me amar.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Onde está o amor?

Estou perdida. Nas minhas palavras, na minha vida.
Não sei quem eu sou, para onde vou, não sei a hora exata de partir.
Mas sei que nada é permanente, que ao meu redor há o caos e a forte mordida da cobra.
As pessoas estão tão frágeis, frágeis como leve copo de cristal perante a maldade.
A cidade mostrando suas paisagens implorando para que a olhem e sintam um pouco mais de paz.
Mas são todos tão egoístas. Todos tão perfeitos em si, tão mergulhados em seu próprio orgulho que não aceitam mais aprender uns com os outros. Todos com tanto medo de perdoar, de se entregar, de amar que mergulham em um mar de frustrações e reclamações, bolando ardis estratagemas para arremessar outros ao seu próprio lodo.
Pessoas que conhecíamos e não reconhecemos mais.
Somos julgados uns pelos outros pelo simples fato de perdoar quem estava errado, somos levados à fogueira gelada e intrépida do ódio por sermos empáticos, somos taxados, rotulados e alvos de injúrias e palavras que afetam tanto nosso corpo quanto nossa alma, pelo simples fato de querermos uma vida de paz perante aos outros, perante ao mundo, perante a nós mesmos.
Como um vírus que se propaga, o ódio é lançado de um em um e forma uma sociedade em que cão mata cão, em que "olho por olho e dente por dente" não se torna só viável, mas sim necessário para que sobrevivam.
Eu não vou nem comentar sobre a política corrupta, sobre os policiais que só protegem aqueles que dão propina, sobre os juízes assassinos que mandam matar outros juízes, sobre os deputados que exalam de sua boca o fétido preconceito, sobre a Comlurb que só tira o lixo de frente de restaurantes da Av. Copacabana mediante propina, e quando a polícia é acionada, mais propina, sobre os donos de morro assassinos, corruptos, lagartos de um submundo que dão um frio tiro na testa tomando o café da manhã, sobre a crise das pessoas que não sabem estar no poder e quando chegam lá, só querem mais.
Não, eu definitivamente não vou falar sobre isso, eu estou falando sobre nós, reles trabalhadores na sociedade. Porque foi daqui que saíram todos eles, foi aqui que tudo começou.
Onde estão os pais que ensinavam os filhos a respeitar o coleguinha?
Onde estão os pais que davam tanto amor e carinho que o filho passava isso adiante?
Onde estão os pais que ensinavam a não ter preconceito? A respeitar o professor?
As nossas crianças estão sendo o fruto de pais perdidos, sem valores, sem moral, sem ética, que nada tem a ensinar a uma criança.
Tanto que elas acham normal dar um tiro pelas costas no professor em sala de aula, elas acham normal matar a menininha de 13 anos que disse "não" ao pedido de namoro, elas acham normal começar a fazer sexo com 10 anos.
A sociedade de amanhã está se tornando mais perigosa ainda que a que temos hoje. Nossos adultos de amanhã estão despreparados para viver. Despreparados para amar, para respeitar uns aos outros.
Condições básicas que eram ensinadas a nós desde que nascíamos, parecem perdidas em um passado romântico.
Amigos, DESPERTEM!
Somos nós os responsáveis por isto, somos nós que estamos em frente a televisão olhando os crimes hediondos feitos pelas pessoas com naturalidade. ISTO NÃO É NATURAL!
Temos que lutar para fazer o mundo sobreviver, para ensinar uns aos outros, para que não tenhamos vergonha de sermos ensinados por outros. O amor universal é uma lei, devemos ser capazes de amar uns aos outros assim como somos capazes de respirar.
Se cada um fizesse sua parte, nós estaríamos iniciando um "movimento do bem". Para os que estão cansados demais para levantar da cadeira e fazer alguma coisa pelo mundo, já vou dizendo: não é dificil!
Basta tratar os outros como você gostaria de ser tratado, com sorrisos, com simpatia, sem enganar, sem cobrar mais por um serviço... o nome disso é empatia.
Basta não ter medo de mostrar as pessoas que elas estão erradas, chamar num cantinho e dizer bem baixinho o que ela fez, sem que ninguém mais ouça. O nome disso é sabedoria.
Basta não aceitar certas facilidades, como um dinheirinho a mais para dar mais atenção e crédito a certo cliente. O nome disso é ética.
Basta ensinar ao filhinho, que os outros humanos são iguaizinhos a ele, e que não se deve fazer mal, pois existe sim o certo e o errado. E é errado machucar alguém. O nome disso é respeito.
Basta despir-se de preconceitos criados pelos monstros da sociedade do século passado, que são o machismo e a escravidão, pois todos somos iguais perante a Deus. O nome disso é igualdade.
Basta viver acreditando que cada ser humano deve ser respeitado como ele é, e vivendo sua vida de maneira que não afete negativamente a dos outros. Se você fizer coisas boas às pessoas, você vai receber coisas boas delas, isto é um ciclo do bem que deveria ser compreendido, pois ele transforma vidas. Aceite cada um como ele é, faça coisas boas, doe sorrisos, seja gentil.
O nome disso é amor.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Para você.

Que a tua sorte seja a sorte de um rei, que tua rainha seja a dona do bem, que teu amor seja canalizado num só raio, e ilumine teu quarto, tua vida, tua carreira, teu sucesso.
Que o passado seja colocado de lado, para que possamos dar as mãos e em unissono cantar uma bonita oração. Que sejamos antes de amigos ou inimigos, irmãos.
Que tua luta em voz alta seja cessada, trocada por sussuros aureados de bondade.
Que teu caminho seja pleno de uma afinação perfeita em calmaria.
Que a força da fé mate a saudade.
Que os corações de todos nós vibrem em perfeita sintonia.
Que esta pequena prece por você te traga , iluminada, a verdade.
Do todo unido em busca de uma nova realidade.

domingo, 17 de julho de 2011

Absurdos cobertos.

Depois de teu assassinato, sai em disparada sem olhar para trás.
As vozes tristes e sombrias de um fantasma recém atingido ainda ecoavam em meu ouvido.
Seu corpo havia morrido, mas você não.
Como presença palpável você me seguia, e por descuido, eu te deixei me assombrar.
Sua matéria espanpanante me entrelaçava e sugava, e eu não podia mais me desvencilhar.
De nada adiantou uma mortal espada, um enterro sombrio numa fortaleza.
Sua presença sempre estaria em mim, e me assombraria em cada minuto desatento em que minha guarda estivesse baixa.
O quão tolos somos nós, em achar que podemos matar nossos próprios fantasmas?
Pois deles somos feitos, e com eles somos ensinados.
Foi assim que descobri que não adianta te matar.
O ódio não pode ser vencido, apenas ignorado.
Pois ignoro-te, fantasma pueril de minha alma, servindo a senhora de teu destino,
a honestidade.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Absurdos descobertos.

Somos como Musashi e Sasaki.

Por isso ontem eu a chamei, a senhora de teu destino.
Ela veio.
E me contou quem você é de verdade.
E os segredos seus e dela.
Chorei.
Puxei minha espada, te matei.
E nas sombras de um enorme castelo, finalmente eu te enterrei.

sábado, 2 de julho de 2011

Ou sont-ils a present, a present mes vingts ans?

E hoje eu acordei com uma falta,
uma saudade,
uma vontade de reviver momentos,
de criar uma máquina do tempo.
Ah, se eu pudesse.
Ah. Se eu soubesse.
Me falta o cheiro, o abraço.
Me falta o colo, a conversa.
Me falta a tranquilidade daquele bar...
Me falta a música, o riso, a omnisciência dos bêbados.
Me falta o café, o vinho barato.
Me falta o apelido, o afeto, o arpejo do violão.
A rua dos dois algarismos, os vinis do melhor amigo, a última mesa que canta música para se ouvir.
Me faltam os passos tortos e felizes, a magreza da maldade.
Me falta tudo, menos vontade.

_______________________________________________
Ontem ainda, eu tinha vinte anos
Acariciava o tempo e brincava de viver
Como se brinca de namorar
E vivia a noite
Sem considerar meus dias que escorriam no tempo
Eu fiz tantos projetos que ficaram no ar
Alimentei tantas esperanças que bateram asas
Que permaneço perdido sem saber aonde ir
Os olhos procurando o céu mas, o coração posto na terra
Desperdiçava o tempo acreditando que o fazia parar
E para retê-lo, e até ultrapassá-lo
Eu só fiz correr e me esfacelar
Ignorando o passado, que conduz ao futuro
Eu desprendia de mim qualquer conversação
E opinava que eu queria o melhor
Por criticar o mundo com desenvoltura
Ontem ainda eu tinha vinte anos
Mas perdi meu tempo a cometer loucuras
Que não me deixa, no fundo nada realmente concreto
Além de algumas rugas na fronte e o medo do tédio
Porque meus amores morreram antes de existir
Meus amigos partiram e não mais retornarão
Por minha culpa eu criei o vazio em torno a mim
E gastei minha vida e meus anos de juventude
Do melhor e do pior, descartando o melhor
Imobilizei meus sorrisos e congelei meus choros
Onde estão agora, meus vinte anos?


[Aznavour]

sexta-feira, 1 de julho de 2011

domingo, 29 de maio de 2011

Não roubarás.

"Caio, devolve já o lápis do Pedrinho!"
-Mas, mãe, é tão bonito!

"Caio, DEVOLVE AGORA o dinheiro da minha carteira!"
-Mas, mãe, é pro meu lanche!

"Caio, CADÊ O MEU CARTÃO DE CRÉDITO?"
-Mas, mãe, são pros livros da facul!

"Caio, que tipo de amigo você é? Achei que éramos sócios nisso!"
-Olha, querida, eu fiz tudo, a alma desse negócio sou eu, fui EU o criador da idéia e sou EU a capa que vende isto. Portanto, eu MEREÇO todo o dinheiro que lucramos, er...quer dizer, que lucrei.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mavis.

Há quem diga que a felicidade exarcebada é um modo de voltar a ser criança.
Há quem diga que é uma máscara.
Aliás, há tantos para dizer, sem sequer entender!
Pois eu digo que não é nem um, nem outro.
Felizes demais são aqueles com o jeito MAVIS DE SER.
...Um jeito que a maioria das pessoas não entende.
Pois elas não entendem como uma pessoa pode acordar todos os dias dando BOOOM DIAAAA às flores do jardim.
Como alguém pode fazer da vida uma festa de criança, com balões, parabéns e bolo de chocolate.
Como alguém pode amar tanto o ser humano.
Não entendem que este alguém tem capacidade de lembrar momentos passados, não com tristezas, mas com alegrias, como se aqueles momentos ainda fossem acontecer.
Não entendem este alguém que se ajuda e se deixa ajudar, alguém que sabe ler e entender os olhos dos outros e que ama o sol tanto quanto a lua e as estrelas.
Pessoas assim como tu, que vibram de maneira feliz a cada dia, que extraem um sorriso do mais carrancudo ser, só por passar saltitando, são pessoas especiais!
Feito "doutores da alegria", que vieram ao mundo somente para sorrir, para FAZER sorrir.

E é isso que a maioria não entende, pois queriam ter cada molécula do seu corpo vibrando em alegria a cada dia, assim como as tuas.
Por isso se algum dia alguém te julgar, faça o que tu faz melhor... Sorria.
Com certeza é só disso que elas precisam.

Eu te amo mãe.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O sorriso do dálmata.

Pois sim, confesso que mudei.
Os dias passaram, vi a geada pela janela, vi a chuva que corria dos meus olhos, vi os filmes que me desabaram, vi o frio que enfraquecia minha coberta e enfim, me vi levantar da cama.
Vi sim, com muita vergonha, as mentiras que contei, as gafes que cometi, os passos tortos, o copo cheio, os neurônios às traças.
Encontrei a verdade dentro de mim, e acima de tudo, a sinceridade para com os outros. Saí. Fui por aí comemorar o meu encontro com uma melhorada eu. Uma eu mais especial.
No dia que vi o dálmata não fazia idéia de como minha vida ia mudar. Tudo ainda estava meio confuso, meio preto e branco, igualzinho o pêlo do cão.
E mais uma vez eu deixei a correnteza me levar. Só que dessa vez adicionada em mim minhas novas características.
E não é que funcionou?
Desde o dia em que vi o dálmata eu falei a verdade, mesmo aquela que dói, porque faz alguém chorar. E doída ou não, eu falei.
Então eu passei a ser um pouco mais racional em algumas ações.
Claro que minhas asinhas libertárias ainda estão aqui! Porém, a diferença agora é que eu não preciso mais voar para ser livre e nem ir às nuvens harpo-sonoras para ter paz. Hoje em dia, a liberdade e a paz fazem parte de mim, estão em mim como um todo que me completa, aonde quer que eu esteja.
Tanto entendimento e organização em tão pouco tempo para uma cabeça como a minha!
Parece que foi ontem que o, ou melhor, A dálmata se aconchegou em meu colo pela primeira vez. Estávamos na sala, e era a primeira vez que eu a via, eu estava muito nervosa e com muitas dúvidas, então delicadamente ela subiu no sofá e me afagou, colocando a cabeça em meu colo, o que me acalmou profundamente.
Bonito mesmo foi quando ela sorriu pra mim... Simples assim, abriu a boca, mostrou os dentes, balançou o rabo e sorriu. Me fazendo sentir pertencente àquele lugar.
E é de maneira simples que pretendo aprender tanto mais sobre essa
minha passagem terrena.
E há tanto ainda a ser aprendido!
O mundo é um lugar tão bom de morar... existem pessoas tão boas que fazem tanta difereça em nossas vidas. Tantos corpos emanando boas energias, tanta gente dando a mão, se despindo de preconceitos, ajudando quem pode como pode.
Podem me chamar de Pollyana, de hipócrita, de cega, mas eu acho que a verdadeira cegueira está em quem vê só o sensacionalismo Global, a tragédia natural, o terrorismo pessoal.
Há tanto tão mais bonito e colorido pra se enxergar!
Como o simples sorriso de um dálmata, que por pura coincidência, se chama "Hope".

domingo, 17 de abril de 2011

Meditação.

E aqui, na paisagem panorâmica de minha mente em quietude, percebo que no silêncio profundo de minhas montanhas, o canto da cigarra perfura até as rochas.

sábado, 16 de abril de 2011

Chaos

Na mente suburbana
O raio de luz em frente
O cálice sagrado no céu
A palavra mente

Assobios e sussurros
Uma louca noite
A melancia estragada
O gozo e o escuro

Mentiras no chapéu
Falsidade na maquiagem
O sorriso congelado
O olho ao léu

Uma escura manhã
O doce veneno da cobra
Um suposto prazer
O pacto com Leviatã

...


E segue escolhendo
O próximo a morrer
Seja em vida, seja em morte
Em seu bel prazer

Um menino meio bobo
Tão pequeno, tão vazio
Sai pelo mundo matando
E nem vê que caiu

Se olhasse no espelho
Veria a carência, o desespero
Um pouco de ego e duas caras
Um frio e gelado medo

Caos e confusão
Cinzenta e insalubre mente
Piedade de todos ao olharem
Para o bobo menino doente

Fugiu de casa e dos amigos
Para que ninguém visse e soubesse
Do psicopata frio interno
E do suicídio iminente.

terça-feira, 29 de março de 2011

Canção do desespero.

Ouvi o gemido da dor incessante
Ouvi o fio da navalha no apogeu
Corri em busca da dor lacrimejante
Encontrei com sangue as mãos d'um ateu

Ouvi ao longe o seco estampido
Caminhei dentre a curiosa multidão
Olhei com gosto o rosto do mendigo
Morto de graça pelo policial ladrão

Fui ao quarto de um apático senhor
Família reunida em contínua oração
Uma vida cansada de luxos, gula e dor
Agora anestesiada com a minha canção

Segui o passo do garoto ligeiro
Correndo pelas ruas com seu carrão
Pegou o túnel escuro sem freio
E perdeu sua vida por opção

Estou cansada do ser humano imprudente
Que menospreza a vida e tenta me enganar
Estou cansada de encontrar crianças
Que cedo demais tenho que buscar

Quero sossego, quero férias!
Minha foice cegou de tanto trabalhar
Gosto do sangue das pessoas intrépidas
Mas dos inocentes quero cessar

E num apelo desesperado em poesia
Peço, dêem um pouco de atenção à vida
Pois esta, minha rival conhecida
Está numa rede a descansar

Enquanto eu, poderosa Morte
Nem suspiro, nem respiro
Apenas espero teu ansioso pedido
Para, num sorriso, te ceifar.


segunda-feira, 14 de março de 2011

É uma direta, e não uma indireta.

Passos largos para pessoas de refrações pequenas
Inóspitas decisões, que se tomadas por sí divagam
Sutileza exorbitante na busca da razão desconhecida
Perfeito sistema auditivo que busca o desdém.

Lógica da razão de um só que se aproveita
Anos de convivência reduzido a uma frase ou ditame
Convés da injustiça, doloroso Platão, seu criador
Pense por sí só desiludido feitor.

Lembra do passado, dos ditos e feitos
Acha em tua mente as respostas ja respondidas por outrem
Eleva teu espirito e foge da mentira desvairada
Mentira essa não só dita para ti, mas como para mim

Pessoa maravilhosa essa tua amiga, que tem objetivo claro
Preto no branco sempre o percorreu, observado
Não atingindo-o apela desesperado para o fruto de tua inocência
Acorda pessoa vivida, não caia em truques fajutos

Entenda que existe uma única versão, a verdade
Em meu mundo, negar verdade não existe, ciente
Atitude de um homem é aceitar o erro e o acerto

E lembre-se, não é uma indireta mas sim uma direta.



(Eric Araujo)

quarta-feira, 9 de março de 2011

Das gavetas.

Teve sol e teve chuva.
Eram santos e pagões.
Escolhiam as vestes para o dia.
Eram lagoas, outrora vulcões.
Nunca haverá alteregos tão opostos
Como tinham aqueles dois.

quarta-feira, 2 de março de 2011

O encontro da manhã.

São sete horas da manhã e eu estou tomando um forte café.
Vou para a janela olhar a praia, e o mundo lá fora já acordou.
Menos eu.
Ele pára ao meu lado e eu não olho em sua direção, com medo dele desaparecer outra vez.
Só vejo a ponta de sua longa e brilhante túnica alva, com o canto do olho.
Árabe, moreno, e de traços muito bem definidos, ele nada diz.
Apenas me toca com seu silêncio e compreensão, com sua magnitude e luz.
Fitando o nada, minha mente começa a trabalhar ligeiramente, vasculhando gavetas do subconsciente.
Eu tenho que fazer alguma coisa, eu sei que eu tenho, mas não me lembro o quê. Não consigo lembrar!
Este é o homem que caminha ao meu lado mesmo quando eu não quero, mesmo quando sinto vergonha de mim.
Esteve comigo no meu Chernobyl, e me deu a mão mesmo sabendo que os fluidos radioativos provinham de meu corpo e mente.
Agora, neste instante pausado da manhã, ele estava aqui ao meu lado para me dizer alguma coisa da qual eu não conseguia escutar.
Decidi então sair da janela, me retirar da podridão e da poluição lá de fora para me focar na podridão fétida que provinha de mim.
Um fio tênue de luz, como uma linha de nylon nos envolvia, traçando uma linha de amor que nos fazia pai e filha, mestre e aprendiz.
Havia muitos anos em que eu não via ele, mesmo ele estando ao meu lado.
E agora ele estava aqui, com sua enorme e brilhante presença desnuda para minhas pobres pupilas.
Chorei. Sorri. Emocionei.
Então decidi caminhar na busca de mim mesma, e descobrir a chave do meu mistério:
O que eu tenho que fazer? Sei que tenho que fazer alguma coisa, mas não consigo me lembrar o quê.
Vamos então ter uma longa conversa de 48 horas.
Sei que vou levar grandes lições de moral por ter ficado estagnada tanto tempo, mas que me sirva de lição.
Preciso caminhar, preciso ir, preciso seguir em frente...
Meus passos estão pesados tamanha a carga que carrego...
Devo deixar tudo para trás, devo abandonar o peso e carregar só o que é leve e o que poderá me nutrir daqui em diante.
Fechei  meus olhos, mas a luz continuava lá.
Que agora eu possa me levantar, que eu possa seguir, que eu tenha força e coragem para continuar.
Que os corpos se levantem da preguiça,
Que as mentes acordem do sono pesado,
Que o altruísmo renasça nos corações,
Que haja fé,
Que não haja religião superior a verdade,
Que os mestres dêem lições verdadeiras aos alunos,
Que a bondade perdure mesmo nas sombras,
Que ninguém tenha medo do amanhã,
Que você também acredite,
Que os próximos dias sejam de paz,
E que a paz esteja com você.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Causidicus.

De terno de linho,
uma pasta na mão
Fones no ouvido,
olhar ao chão.
Levanta a cabeça,
dança com minh'alma,
que gira pra te ver chegar.
Processa meu corpo,
por tanto te amar.


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Nem todo frio que sentes, é culpa desse inverno.

Pode ser que parte dele seja do inverno passado,
que ainda gela em ti.



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Na verdade a culpa é sua, meu caro. Se você não queria uma mulher que sambasse, jamais deveria tê-la chamado para dançar.
Veja o meu caso, nós dois sambamos, nós dois bebemos, nós dois cantamos, nós dois sentamos, nós dois rimos e nós dois também vamos embora juntos.
Porque isso é o que o amor faz.
Mas você meu caro, esqueça essa coisa de poder. Isso não existe, você só terá alguém do seu lado desse jeito que você me disse que almeja, se souber entrar na dança. Se sambar também, sem esperar nada em troca.
Se você sambar, ela vai sentir prazer em dançar a valsa que você tanto gosta e ela detesta.
É simples assim.
Com o tempo você vai notar que para você vai ser tão prazeroso o samba quanto a valsa.
E você vai ver, aos poucos você vai notar... que nenhum dos dois vai ter poder, que não haverá brigas sobre quem pode mais.
Meu caro, você vai ver que amar é tão simples quanto sambar.
Basta se entregar.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Quinoterapia :)

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Antes de partir.

 Eu não costumava ser assim. Eu até falava bastante de mim antigamente, adorava explicar as minhas teorias e falar do meu passado. Mesmo porque o meu passado é uma delícia. Não sei se foi um fato pontual que me calou por enquanto. Também não sei se é só por enquanto. Mas o meu passado continua bonito, continua mesmo. Eu é que fiquei um pouquinho mais medrosa. Cuidadosa, talvez. Prometo que qualquer dia desses eu falo um pouco mais. Só que não gosto de falar muito. Eu sempre me arrependo depois, fico achando que estou nua. Que você pode rir da minha participação insignificante no mundo. Ou que você pode achar tudo isso um pouco bagunçado demais, você que é arrumadinho. Eu amo você, e quando eu gosto de alguém eu fico morrendo de medo de ouvir "eu preciso ir embora." Pra mim isso é pior do que um "eu nunca te amei." Eu supero não-amores, mas despedidas eu não sei. Fica tudo meio engasgado, eu fico perdida no meio da rua da minha cabeça. Quantas vezes já escrevi sobre adeuses? Eu acabo indo embora antes de ser abandonada, não consigo. Devem ter sido muitos desencontros. Tenho medo de virar aquelas pessoas que não se apegam, porque tiveram que desapegar demais. Mas com você é diferente. Eu já não posso mais partir de você, se algo acontecer, acho que é você que terá que ir. Será que você vai mesmo embora? Se for, não deixe de perguntar mais uma ou duas coisas sobre mim, para você eu quero falar.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A leveza da minha alma.

Sumida. Reclusa. Incomunicável.
Colocando as minhas coisas no lugar. Arrumando minha bagunça, organizando o quarto da minha alma. Tirando um tempo para me estudar.
Varrendo o chão, tirando o pó.
São nestes dias silenciosos de faxina, onde as coisas velhas, as bicicletas de rodinhas, as flores murchas e os papéis velhos são jogados fora sem dó. Emagreci onde eu estava mais pesada.
Agora cansei de limpar. Tudo está brilhando. Tudo pronto para despejar aqui novas idéias, novos projetos, novos sentimentos.
Alguns não joguei fora. Foram reciclados. E estes estão muito bem guardados.
No mais, flores na janela, vento na varanda, cheiro de hortelã na cozinha, mirra plantada no jardim, incenso aceso na sala e calça jeans no armário.
Nunca estive tão em paz.


sábado, 22 de janeiro de 2011

O homem que era menino.

O vento que soprou e parou na janela era forte e suave. As avenidas correndo ali embaixo, as luzes reacendendo e a vida que passava tão depressa, tão forte.
Já é dia 6. Já são doze horas. Já está na hora. E há horas a hora já passou.
Na janela em frente, mais um a observar. O movimento, a ação, o grito, o sol que tanto brilha e num segundo a noite chega. Hora de deitar.
Mas o sono ficou lá fora, junto com a paisagem. A noite traz companhia ao concreto, ao asfalto, e às cadeiras daquele restaurante simpático em frente.
Cansado pela perda de meu sagrado sono, apenas observo o pincel de Rembrant no sorriso da moça loira que bebe a cachaça barata do outro lado da rua. Penso que deveria ir falar com ela.
Vou dormir.
Acordo. Me encontro em mais um dia, e os ponteiros viram atemporais quando a janela se fecha.
Ah, o tempo. Em que fase da vida obtemos a noção de tempo? Esta coisa invisível e palpável.  Olho para o relógio. Meu relógio não é o tempo, mas um mensageiro pragmático dele.
E esta noção real de tempo vai mudando ao longo dos anos, pois eis que cada um tem seu próprio tempo, seu tempo psicológico.
O passar das horas por exemplo. Para mim, naquele momento, pareciam dias.
Eu estava ali do outro lado do vidro sem vida, num corpo também sem vida afogado em ilusões. Mas o vidro era meu amigo, e me protegia dos perigos de tão extensa e movimentada avenida. Mesmo nos dias mais bonitos, que era quando a avenida tinha um movimento atípico de felicidade momentânea, eu não saía de lá. Apenas observava os sorrisos, e também sorria. Pensando que talvez algum dia eu pudesse sair.
E assim passaram-se os anos que eu não vi. Na avenida as pessoas que eu não conheci. No sorriso da menina, a doçura que eu não provei.
Decidi então lavar o corpo e esfregar bem, para ver se os medos escorreriam pelo ralo. Amanhã, eu pensei, amanhã eu saio para viver.
Acordei animado com tamanha atitude em encarar o mundo real e desistir do meu mundinho. Acordei pensando no sorriso de Mona Lisa da moça loira do restaurante. Acordei pensando em viver.
Mas antes que eu pudesse alcançar a porta de saída senti uma dor muito intensa, súbita e fulminante no meio do peito e por mais que eu lutasse contra ela, ela tomou conta de meu corpo e me derrubou ao chão.
Sem ninguém para pedir socorro e sem voz para gritar, meu desespero foi abafado pela dor e pela visão turva.
E foi assim que eu morri, há dois passos de começar a viver...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Submerso.

Na verdade costumo encontrar-te sempre mesmo em cima das minhas pálpebras, a escorregar para a aflição.
As mais das vezes descortino a tua imagem por detrás do coração, imersa no desejo de te afogares nele.
E, eu confesso, deixo-te ficar lá, mesmo quando lá me arranha.

 
 
 
 
Re-postagem, de algum dia no passado.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A graduação

Ela olhava aquela foto cor-de-rosa e agradecia. Agradecia a ele, aquele homem fantástico que foi seu professor, seu mestre.

No início ela não havia entendido o sentido do aprendizado nem a didática daquele pequeno grande homem barbudo que mostrava as coisas agindo, e não falando ou escrevendo, como a maioria dos professores. Não entendia bem os testes malucos, que testavam na verdade sua capacidade, seus atos. Foi reprovada muitas vezes. Sofreu e fez sofrer com a rebeldia de uma aluna desobediente.

Porém, após as aulas terminarem, ela sentiu muita falta dele.

Descobriu a verdade certa vez quando sentada na areia num momento crucial de sua vida um outro grande homem lhe diria uma das coisas mais importantes que ela precisava ouvir. Sentiu-se confortável e segura. Neste momento, ela fitava e desnudava sem escrúpulos as ondas em sua dança para Iemanjá, e conseguia entender tudo aquilo que o antigo professor, agora gravado na memória e na foto rosa, havia lhe dito.

Nas aulas, tudo isso era apontado de maneira sutil sem que ela percebesse. A vontade dela em ser o que queria, sua rebeldia, seu fantasioso riso gritante, suas frágeis mentiras, a vaidade que ela tinha em dizer 'te amo' milhares de vezes e acariciar cem vezes seguidas a mesma bochecha, achando que este era o certo. Tudo uma grande ilusão de uma cabeça infantil em um corpo de mulher.

Seu mestre só queria ensiná-la a crescer, e em sua infinita sabedoria fez isso de modo extraordinário:  fez com que ela entendesse por suas ações, por suas reações, pelo tempo despendido de sua vida. Ela entendeu, e foi nesse momento sentada na areia de mãos dadas com alguém que ela se descobriu mais velha. A idade era a mesma, mas ela já sentia a primeira ruga de seu longo caminho.

Não sentia mais a necessidade de dizer "eu" o tempo todo. Não precisava nem queria rir à plenos pulmões na mesa do bar. Não queria mais sorrir para quem não merecia. Não gostava mais de ser imprudente com sua responsabilidade. Aprendia a agir com mais racionalidade, menos impulsividade. Basicamente entendeu coisas muito importantes. Entendeu que quando se ama de verdade, não se deve tentar provar isso para a outra pessoa a todo minuto com palavras ou gestos fulgazes, mas sim nos momentos em que esta pessoa realmente precisar de você ao lado dela.

Entendeu que amor não são lençóis, beijos e brigas. Mas sim companhia, crescimento, soma.
E mesmo depois de tanto tempo sem aquelas importantes aulas que ela tanta amava com sua paixão juvenil, e sem o professor com quem ela ria e gritava, como toda mulher jovem que parece um avestruz com cãibra, ela agora havia aprendido a lição mais importante que o professor da foto rosa poderia ter ensinado: ela gostava dela. Não havia mais razão para ser insegura.

Ela, pela primeira vez juntou o preto e o branco, o frio e o quente, o doce e o salgado. Virou equilíbrio, virou harmonia...
Como a harmonia daquela bossa que o professor cantou no primeiro dia de aula, e que agora ela escutava, enquanto lembrava dele com carinho e olhava seu diploma, o sucesso.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Nau[frágil].

Eu não sei exatamente quem eu sou. Nem se o rumo que tomei é o caminho certo pra seguir. Eu não sei bem como tudo começou, nem se ainda tenho coragem de partir. Ficar? Já nem sei mais onde estou. Já nem sei quantas cervejas tenho que tomar para vestir o sorriso guardado no armário. Não lembro qual foi a última vez que sorri sem que me pedissem, ou que disse palavras doces sem pensar no frio e ocre, que normalmente é nublado pela vodca quente. A verdade é que para o mundo, nada é o bastante. Ele sempre quer algo de mim, algo em troca pelo seu trabalho árduo. Ele sobrevive a mim, contanto que eu corresponda a altura. E eu vou.