quinta-feira, 30 de julho de 2009

Não, não me venha mais falar de amor.
Quantas vezes eu te disse que amigos são como irmãos.
Não, não me venha falar de amor
Quantas vezes te falei sobre as dores de meu coração.

Não me peça o que nunca será teu, não podes ganhar.
Não invente mais milagres que não fiz, na mesa do bar.
Me deixa te ver como quietude no cansaço, abraço na dor.
E não me santifiques mais, pois sou demônio ator.

Te chamo e reclamo de falsário,
Age tal como amigo imaginário
Te digo agora, esqueça.

E se ainda assim pensares em mim,
Se ainda assim vieres de novo falar de amor.
Eu serei o motivo da tua ilusória dor.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Era um menino correndo na rua
Desorientado em negra escuridão
Era o menino olhando pra lua
Pegou o bonde, pairou na solidão

Era um menino descobrindo verdades
Não sabia a cor da massa do pão
Comia pó porque tinha saudades
Afogava no poço as mágoas do coração

Era o homem do sorriso brilhante
Salvou o menino, tirou do chão
Era o homem que eu tanto amava
Herói da noite porque matou a tentação

Era o homem que me olhava
Me convidada e eu ia sem dizer não
Faíscas de meu olho tirava
E mostrou as cores, amou então.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sem sono.


E eu aqui sem sono pensando em ti. A luz na janela me remete àquele momento em que te vi dormir.
Eu parada na porta a olhar o sossego em teu sono, e de manso deitei ao teu lado, por não resistir. O som de pluma que fiz foi suficiente para te fazer abrir o olho e sorrir aquele sorriso dourado de grego que fez com que me apaixonasse por ti. Sorriu, e voltou a dormir, como se o mundo todo estivesse em teus sonhos e o lá fora pudesse esperar.
Foi com essa paz que tomei a decisão mais importante da minha vida:
Eu não iria te abandonar.
Seguiria teus passos a cada nova estrada, pedregosa ou florida.
E faria tudo para não perder a sensação de borboletas na barriga que esse sorriso provocava em mim.
E foi assim que percebi. A fragilidade e a felicidade que teu sorriso libertino me trouxe. A vontade de jogar os grãos de rotina no ar e sair voando.
Deve ainda estar dormindo o sono dos anjos, e eu aqui, sem sono a olhar pela luz artificial pela janela, cheia de saudades e desejos, continuo construindo castelos no ar, continuo a olhar-te dormir,
continuo a me apaixonar por ti.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Pequena.

E no fim, a morte foi uma ilusão,
Onde se aguardava uma visão de ti.

Tens que pintar os nomes das coisas na pele,
Tens que usar as mãos para colorir os dias.

Não te ausentes mais do meu corpo,
Porque gastas a tinta que pinta o sonho.

E tuas palavras de amor,
Têm vida para além dos meus escritos

São o repositório das músicas,
Presas no tempo dos acordes iniciais.

E no fim caminhei só,
Com passos de pássaros passando.

Caminhei pelos meus pés,
Feito alma crua desandando.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sem saco para bobagens.

Danem-se os quilogramas,
Os fascistas, os fantasmas e os anarquistas!

Danem-se as puritanas,
As quengas e as moralistas.

Dane-se a falsa verdade,
O namorado pela metade.

Dane-se a porra da saudade,
A pena, a pressa e a vontade.

Dane-se o coração burro,
A prática do sexo sem amizade.

Dane-se o pudor,
A vida malvivida da atualidade

Dane-se o verso simples
A castidade, a maldade e a comodidade.

Cansei da curiosidade,
Cansei de ti, de mim, de minha fragilidade.

Cansei de cansar, de acreditar,
E fiz da morte fertilidade.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Da metade que falta
Me lambuzo de dúvidas

Da promessa futura
Me enchem de lamúrias

E já não sei qual o caminho
Desconheço dos limites da verdade

E se é certo ou errado
Só faço o que tenho vontade

E verdade seja dita,
O amanhã cabe a mim

Da metade que falta
Me lambuzo de certeza.

Da promessa futura
Me encho de firmeza.

De março,



Pílula para dormir, é a felicidade.
Iludes a ti mesmo com sonhos em vão,
promessas que irão,
fatos que virão,
dores que voltarão.


Teu gosto em mim, é a felicidade.
Sorrio em mim mesma,
com lábios que me tocam,
cheiros que sufocam,
cores que não desbotam,
nossos corpos que de frio se chocam.

terça-feira, 14 de julho de 2009


A saudade da tua juventude por certo não virá nos próximos anos.
Mas sim quando declinar o sol da tua mocidade,
E as lembranças vierem povoar as tardes calmas de tua existência.
Lembre-se de mim,
Não como um grande amor.
Mas como alguém que viveu na época de teus melhores sonhos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Test for taste.

Estranho.
Esse gosto vermelho na minha boca.
Gosto da tua boca na minha sedenta, sedentária.
Boca.
Gosto escuro de ausência com saudade.
Gosto de ausência sem novidade.
Alquimista.
Que mistura do meu gosto com teu gosto
Na minha boca vivendo sem vida.
Morte morrida.

sexta-feira, 10 de julho de 2009



Era uma prisão branca.
Toda branca e com luzes fluorescentes também brancas.
Faltavam alguns dias para sair dali.
Por sorte, a pena fora diminuida pelo meu bom comportamento e eu seria transferida.
Já tinha me acostumado com a vida naquele lugar.
Havia poucos anos que estava ali, mas já parecia ser minha casa, minha gente, minha família.
E agora eu estava quase livre. Mais feliz do que nunca, mas de certa maneira eu ia sentir falta daquela brancura toda.
O cárcere não era privado, e as colegas de cela não calavam a maldita boca um segundo sequer. Até me deram um apelido bonitinho...
Mal sabiam elas que naqueles momentos agoniantes em que uma delas abria a boca e não fechava mais eu sentia uma intensa vontade de esfaqueá-la com qualquer objeto pontiagudo que eu achasse por ali. Mas não podia. Eu estava indo. Faltava pouco.
Hoje por um momento me vi só naquela cela branca.
Olhei ao meu redor e fiquei a imaginar como pude aguentar tanto tempo nesse branco, enquanto eu sou multicores.
Uma prisão branca, que ofusca qualquer uma das minhas luzes coloridas.
Por quanto tempo apaguei minhas luzes e vivi a seguir a luz branca deles?
Mas eu estou indo.
E agora eu vou para o azul, e meu coração pula enquanto danço.
Meu sorriso apareceu em meio ao branco. Uma luz se acendeu, a felicidade se estendeu, compareceu, transpareceu, renasceu!
Encontrei o meu disjuntor.
Pois descobri que meu novo colega de cela, nessa tal prisão azul, vive cheio de luzes, rodeado de novas cores. Perguntei como e me disseram:
Ora, pois!
Ele é irmão de Willy Wonka, e fez-se dono dos maiores arco-íris!
:)

quarta-feira, 8 de julho de 2009



E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace

E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste

E quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe

E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce

Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe enfim
Dentro de tudo
Que cabe em ti

(Skank)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

That's enough!


Não cabe dentro do bolso o fato mundano,
vou comprar um pedaço de veludo
e ter mais chiqueza no tal do engano.



domingo, 5 de julho de 2009


Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não consegurás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele(...)

- Caio F. -





Música do dia: Painkiller (Turin Brake)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Photo



Lembro tudo,
na ausência

Memórias cheias,
como fotografias vivas

Numa bolsa azul,
o bilhete do cinema.

Num bolso vazio,
o sentimento que me sorri.

E andas teimosamente
nas minhas noites

Junto com o beija-flor que vi,
no meu templo de amor.

Que espera batendo asas,
Com imensa glória.

Que canta com o sossego,
Que ilumina minha memória.