terça-feira, 5 de maio de 2009

Sem palavras.

Sem nada pra dizer.
Um buraco vazio com quantidade de massa suficiente para ocupar todo o meu cérebro e pesar na mente.
Enquanto esse vazio invade, a diversão é por conta do que acontece fora do meu universo, quando tenho monstros por todos os lados num mundo surrealmente racional e real. Estou cercada de vampiros gelados e lobos-homens escaldantes.
O sino toca. Bém, bém, bém.
O que faz meu coração disparar, e meus olhos que estavam fitando um vazio, enquanto minha mente não parava de atirar milhões de pensamentos furtivos sobre mim, piscaram.
Acorda, Bárbara.
Não vai ficar diferente, eu sei que não. Então tá na hora de acordar.
Os monstros continuam lá fora, com suas decisões tomadas. Tá na hora de escolher entre certeza ou eterna dúvida.
O monstro que mente é o que mata, ou o que mata é o que sorriu demais?
Pára, pára, pára de pensar.
Mas não adianta. A mente não obedece.
Pelo menos dessa vez o corpo, e só o corpo, obedeceu, e ficou ímóvel como pedra. Gelado.
Nem pude soprar uma tentativa de fala, nem pude esboçar um sorriso quando ela entrou. Eu já sabia sobre o que a conversa seria, no fundo eu já sabia.
A ceifadora já estava falando, vomitando aquelas palavras que ardiam em mim, formigavam em todo o meu corpo, mesmo já sendo esperadas.
E ela contava indignada toda aquela história, que me parecia ter me acontecido em uma vida passada - num tempo remoto - numa ânsia e numa fúria falando [da ausência de] respeito do monstro em questão com ela, e conseqüentemente comigo. Monstros sempre mentem, pensei. E era uma verdade imutável.
A sensação de deja vú e o desconforto da situação me nausearam. Num olhar fulminante de raiva consegui calar a boca daquela selvagem surtada toda de preto com sua foice dourada.
Abri os olhos, irradiando paz.
Não, não seria como da outra vez, desta vez eu poderia ser nobre, poderia ser pacífica. Poderia ser eu, sem surtos. E fui.
Levantei, dando às costas para ela. Que se dane, eu pensei. Se quisesse me acertar com esta foice já o teria feito.
Fui em direção da janela, e a abri. O sol tirou a escuridão daquela sala fétida e mofada.
A entidade escura se encolheu medrosa em meio a tanta luz, mais a luz que irradiava de mim do que da janela.
Fui em direção a ela, com a decisão tomada, e disse:
- Faça rapidamente.
- Não está na hora - ela disse com um sorriso torto.
- JÁ! - e meu grito ecoou fazendo os morcegos levantarem vôo contrariados.
Ela me olhou com um misto de prazer e medo. Queria, mas não podia.

E senti, alegremente.
A foice me dividia bem ao meio, me causando uma sensação dourada ardida, logo depois ela me retalhou, toda a minha existência em pedaços ao chão. Sucesso.
Ao longe eu ouvia os vampiros e lobisomens, eles poderiam saber o que se passava aqui, no meu diálogo com a amiga morte.
Se eles se concentrassem em mim, por um segundo. Conjecturando, conclui que continuaria secreto. Meu corpo pálido espalhado pelo chão.
O meu sorriso de adeus.

3 comentários:

  1. aihhhh babiiiii....q coisa triste isso! ta tudo bem??? bjusssss da miguxa. seka!

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  2. hahahah....
    não é nada meu, de mim.
    só o nome e a escrita, mas não quer dizer nada, bibica. se fosse assim, spielberg estaria em marte já! no te preocupes. hehehe. Beijos!

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  3. BRAVOS!...BRAVISSIMO!...
    É tu gostou mesmo da tragédia.
    Excelente minina Bárbula, Diva das Letras
    Bj

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