segunda-feira, 7 de julho de 2014

Para Gui.

Hoje, pela primeira vez em muito tempo, eu chorei.
Chorei de saudades de você, de te ouvir me chamar de minha nega, de ficar horas pendurada no telefone com você, você me fazendo rir feito louca e eu no meu pequeníssimo apartamento sorrindo só por ter você na minha vida.
Saudades dos açaís que eu e você tomamos juntos, só nós dois. E do quanto você me ensinou sobre a sua vida de artista.  Daquele dia que carregamos aquelas molduras de 100kg -cada- por Copacabana inteiro, porque você precisava delas com urgência. E com pena, você pegou 4 das 5 e me deixou com uma só, apesar de seus músculos não serem tão fortes. Você tremia e suava, mas não deixou eu carregar nada mais do que uma pequena moldura.
Saudades dos seus abraços, e de quando beijava minha bochecha. Saudades do seu sotaque baiano e quando falava de mim como se eu fosse uma terceira pessoa:
-Bárbara é linda. Bárbara quando entra, chama a atenção. Bárbara é estabanada.
Saudade de uma amizade que, como eu sempre disse, eu jamais havia visto igual. Amor verdadeiro, amizade verdadeira, tua alma de artista preenchendo minha branca tela. Teu amor, teu afeto, teu carinho.
Saudades de como sentávamos naquela boteco de Copacabana pra tomar um suco e depois íamos pro seu apê comendo aqueles biscoitos alemães que seu namorado comissário trazia toda a semana.
Saudades das tantas vezes em que me vi perdida, e você me dava a mão, os braços e abraços e eu me encontrava com a sua ajuda, com a sua seta, com o dinheiro que você me emprestava ou com a proposta de emprego que você me fez e que não deu tempo de colocarmos em prática.
Saudades de ter você por perto, mesmo longe, em seus infinitos telefonemas e emails, com seus maravilhosos conselhos, com nossas idas aos teatros e galerias de arte. Eu sinto falta de trazer uma nova pedrinha a cada vez que volto do Sul, pra complementar a sua coleção, que hoje já deve ter virado pó.
Saudades daquele "adeus ano velho, feliz ano novo" que cantamos só eu e você, desertos por dentro em uma praia lotada.
Saudades daquele áudio que gravamos no celular juntos e eu perdi quando o aparelho quebrou no meio. Saudades de te ouvir cantar e das músicas que você lindamente fazia.
Mas eu sei que sua morte não foi em vão, porque em mim você sempre estará eternizado. Falarei de você e do seu sucesso artístico e pessoal para meu filho, para meus netos.
Como eu sinto a sua falta, meu amigo.
Eu amo você, para sempre amarei. E estas lágrimas que caem hoje desesperadamente são apenas gratidão por eu ter tido a sorte de um dia ter tido você bem perto de mim.
Hoje, um ano e quatro meses sem você, e eu só precisava desabafar.
Daqui te mando um abraço muito apertado, igual os que você costumava me dar, com todo o amor do mundo.

Da sua neguinha.




In memorian de Fagner Fonseca - Gui.

2 comentários:

  1. Olá Bárbara! Sem muita inspiração para trabalhar resolvi viajar pelos blogs da vida e encontrei o seu. Li a primeira postagem de capa e descendo os olhos encontrei essa " Para Gui" e foi impossível não viajar em suas palavras e todo o sentimento verdadeiro que vai invadindo a sensibilidade de quem ler. Muito lindo tudo que escreveu. E fico pensando como, ainda nesse mundo "cão" ainda existem bons sentimentos, tempo de olhar olhos nos olhos, de tocar as mãos e ser ter bons amigos. Simplesmente linda sua declaração de amor ao seu lindo amigo. Com certeza deves ser também uma pessoa linda de essência e de atos. Amo a poesia da vida, do amor, da amizade verdadeira e da sinceridade escrita nas entrelinhas de um olhar. Amei seu blog e estou linkando ele na minha pagina e da mesma forma passo a seguir-te também. Para que de vez em quando possas me deliciar com sua escrita e palavras sinceras. Também amo rascunhar textos e falar dessa poesia do dia a dia, do amor que transcende a vida... Passa lá para me visitar:
    www.minhasinspiracoes.blogspot.com.br te espero por lá. Meu nome é Socorro Carvalho e moro em Santarém, no Pará.

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