quinta-feira, 1 de julho de 2010

Afogado.

Faz tempo que teus olhos tinham luz.
E iluminavam os caminhos alheios, e os anseios.

Faz tempo que limpavam a passarela,
dos caminhantes sem prumo, sem rumo.

Hoje afogam-se em maresia, heresia.
Dos mares do teu corpo em tempestade.

Não demora agora, vai surgir do fogo meu pó
E de novo, ao fogo sucumbir sem gemido.

Faz tempo que meu lápis não tem mais ponta,
E que a verdade deu um nó, na boca.

Faz tempo que meu corpo só sente, pressente.
As dores de um surdo-cego caindo no mar.

Faz tempo que águas calmas me afogam, borbulham.
Dá-me um tempo, lento.

Dá-me um tempo pra morrer sem lamento,
Um tempo pra desforra, alforria.

Dá-me um tempo.
Tempo.

2 comentários:

  1. Pô Bárbara cada vez melhor!
    lindo,lindo.
    Abraço do teu amigo Stanis "Filho" haha

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  2. E do Stanis "Fialho" também!
    E assino embaixo.
    bj

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