sábado, 2 de julho de 2011

Ou sont-ils a present, a present mes vingts ans?

E hoje eu acordei com uma falta,
uma saudade,
uma vontade de reviver momentos,
de criar uma máquina do tempo.
Ah, se eu pudesse.
Ah. Se eu soubesse.
Me falta o cheiro, o abraço.
Me falta o colo, a conversa.
Me falta a tranquilidade daquele bar...
Me falta a música, o riso, a omnisciência dos bêbados.
Me falta o café, o vinho barato.
Me falta o apelido, o afeto, o arpejo do violão.
A rua dos dois algarismos, os vinis do melhor amigo, a última mesa que canta música para se ouvir.
Me faltam os passos tortos e felizes, a magreza da maldade.
Me falta tudo, menos vontade.

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Ontem ainda, eu tinha vinte anos
Acariciava o tempo e brincava de viver
Como se brinca de namorar
E vivia a noite
Sem considerar meus dias que escorriam no tempo
Eu fiz tantos projetos que ficaram no ar
Alimentei tantas esperanças que bateram asas
Que permaneço perdido sem saber aonde ir
Os olhos procurando o céu mas, o coração posto na terra
Desperdiçava o tempo acreditando que o fazia parar
E para retê-lo, e até ultrapassá-lo
Eu só fiz correr e me esfacelar
Ignorando o passado, que conduz ao futuro
Eu desprendia de mim qualquer conversação
E opinava que eu queria o melhor
Por criticar o mundo com desenvoltura
Ontem ainda eu tinha vinte anos
Mas perdi meu tempo a cometer loucuras
Que não me deixa, no fundo nada realmente concreto
Além de algumas rugas na fronte e o medo do tédio
Porque meus amores morreram antes de existir
Meus amigos partiram e não mais retornarão
Por minha culpa eu criei o vazio em torno a mim
E gastei minha vida e meus anos de juventude
Do melhor e do pior, descartando o melhor
Imobilizei meus sorrisos e congelei meus choros
Onde estão agora, meus vinte anos?


[Aznavour]

5 comentários:

  1. Que bonito Bárbara.
    Fazia tempo que eu não entrava aqui.
    Vejo que estás escrevendo cada vez melhor.
    E o mais importante com o coração.
    Sou teu fã serio!
    Muito sucesso pra ti.

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  2. Nossa como eu queria que essa saudade fosse morta. E que falta tu fazes na rua dos dois algarismos. bjs

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  3. O arpejo do violão, o amigo dos vinis, e teu colo de sempre...sentem tua falta....
    bj, minha linda.

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  4. Sempre venho aqui qdo me sinto perdida, e sempre encontro algo que me conforta. As palavras são sinceras, e não apenas "ficam bonitinhas juntas".
    Bjão querida, sucesso!

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  5. Só não chorei pq to no trabalho... Ando tão sensível...

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