terça-feira, 29 de março de 2011

Canção do desespero.

Ouvi o gemido da dor incessante
Ouvi o fio da navalha no apogeu
Corri em busca da dor lacrimejante
Encontrei com sangue as mãos d'um ateu

Ouvi ao longe o seco estampido
Caminhei dentre a curiosa multidão
Olhei com gosto o rosto do mendigo
Morto de graça pelo policial ladrão

Fui ao quarto de um apático senhor
Família reunida em contínua oração
Uma vida cansada de luxos, gula e dor
Agora anestesiada com a minha canção

Segui o passo do garoto ligeiro
Correndo pelas ruas com seu carrão
Pegou o túnel escuro sem freio
E perdeu sua vida por opção

Estou cansada do ser humano imprudente
Que menospreza a vida e tenta me enganar
Estou cansada de encontrar crianças
Que cedo demais tenho que buscar

Quero sossego, quero férias!
Minha foice cegou de tanto trabalhar
Gosto do sangue das pessoas intrépidas
Mas dos inocentes quero cessar

E num apelo desesperado em poesia
Peço, dêem um pouco de atenção à vida
Pois esta, minha rival conhecida
Está numa rede a descansar

Enquanto eu, poderosa Morte
Nem suspiro, nem respiro
Apenas espero teu ansioso pedido
Para, num sorriso, te ceifar.


3 comentários:

  1. M A R A V I L H O S O!!!! TU É MESMO DANADAAA.... BJ

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  2. Realmente Maravilhoso! E estou em pecado porque ainda não havia lido esta! perdão...perdão...perdão...perdão...
    BJS

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  3. Lindo!!! Muitos bravoooo!! Je suis aussi fatigué.:)
    Um abraço

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