terça-feira, 2 de novembro de 2010

La foul.

Ouvindo Piaf senti isso, essa coisa fria que me arrepiou, la foul.
Deprimente, porém bonito. São as marcas dos nossos tropeços doendo que nem cicatriz em dia de chuva.  
E assim, ouvindo o som que entrava suave aos meus ouvidos, e aquele sotaque que parecia ter sido meu em alguma outra vida, chorei. Chorei durante 23 minutos. Engoli a cerveja, desliguei a vitrola e saí para me divertir.
Com o pensamento distante, quase perdido, eu parecia uma autista passeando pelas ruas do Leblon. 
Em um vazio me faço gente, mas dois passos depois e me perco de novo na imensidão caótica da minha mente. Minha dura carne que me trai.
Mas como a tudo se supera, um pouco antes de o sol nascer, a dor já havia sido retirada como se a cerveja fosse morfina, e a ferida devidamente estancada.
Difícil é quando a gente bate no machucado vez que outra e ele volta a sangrar, nos lembrando de como somos frágeis quando sentimos dor.
Até lá, eu vou fingindo que ele não existe, coloco umas ataduras por cima pra disfarçar, viro o rosto, ponho meu salto alto e vou beber, rir e dançar.

Alors, sans avoir rien
Que la force d'aimer,
Nous aurons dans nos mains,
Amis, le monde entie!

Nenhum comentário:

Postar um comentário