Ouvindo Piaf senti isso, essa coisa fria que me arrepiou, la foul.
Deprimente, porém bonito. São as marcas dos nossos tropeços doendo que nem cicatriz em dia de chuva.
E assim, ouvindo o som que entrava suave aos meus ouvidos, e aquele sotaque que parecia ter sido meu em alguma outra vida, chorei. Chorei durante 23 minutos. Engoli a cerveja, desliguei a vitrola e saí para me divertir.
Com o pensamento distante, quase perdido, eu parecia uma autista passeando pelas ruas do Leblon.
Em um vazio me faço gente, mas dois passos depois e me perco de novo na imensidão caótica da minha mente. Minha dura carne que me trai.
Mas como a tudo se supera, um pouco antes de o sol nascer, a dor já havia sido retirada como se a cerveja fosse morfina, e a ferida devidamente estancada.
Difícil é quando a gente bate no machucado vez que outra e ele volta a sangrar, nos lembrando de como somos frágeis quando sentimos dor.
Até lá, eu vou fingindo que ele não existe, coloco umas ataduras por cima pra disfarçar, viro o rosto, ponho meu salto alto e vou beber, rir e dançar.
Alors, sans avoir rien
Que la force d'aimer,
Nous aurons dans nos mains,
Amis, le monde entie!
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